Uma disputa de quatro meses por um vasto depósito de minério de ferro na região do Ártico canadense chegou ao fim. A ArcelorMittal e seu rival, um fundo de private equity americano, chegaram a um acordo para uma oferta conjunta de US$ 596 milhões pela Baffinland Iron Mines.
A siderúrgica com sede em Luxemburgo e um grupo ligado ao fundo de investimento americano Energy and Minerals Group (EMG) anunciaram na sexta-feira que podem oferecer 1,5 dólar canadense por cada ação da Baffinland, o que quase triplica o preço apresentado pela inicialmente pelo EMG, quando fez sua primeira oferta hostil em setembro. Pelo acordo, a ArcelorMittal ficará com 70% da Baffinland e o EMG com 30%.
A aquisição do controle do depósito deve melhorar o acesso da ArcelorMittal a uma matéria prima estratégica em um período de disputa crescente por recursos desse tipo. A empresa planeja produzir 100 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, dobrando o volume atingido em 2010.
O maior sócio da Baffinland atualmente, o fundo Resource Capital Funds, com sede nos EUA e na Austrália, tinha inicialmente concordado em oferecer sua parcela de 23% à ArcelorMittal.
O depósito da Baffinland em Mary River, localizado a cerca de 1 mil quilômetros a noroeste de Iqaluit, capital do distante território de Nunavut, é visto como um dos melhores depósitos de minério do mundo ainda subaproveitados.
Um estudo publicado no início da semana passada, contudo, reduziu significativamente a abrangência do projeto. As reservas estimadas foram rebaixadas de 365 milhões de toneladas para 61,7 milhões de toneladas. O custo do projeto foi cortado de 4 bilhões de dólares canadenses para 740 milhões. A mina deverá entrar em produção em 2013 com uma produção inicial de 1 milhão de toneladas, e deve atingir uma capacidade total de 4 milhões em 2014, com uma vida útil de 20 anos.
A companhia tinha planejado originalmente construir uma estrada de ferro da mina ao porto, a cerca de 100 km de distância. Mas agora pensa em instalar uma rodovia, que seria mais rápida e barata para fazer. Devido ao clima, o porto deve ser aberto à navegação apenas durante três meses ao ano, entre meados de julho a meados de outubro.
Mesmo que uma mina no ártico imponha desafios preocupantes, os investidores foram atraídos pelo ambiente político estável do Canadá e uma postura relativamente amigável com investidores. O depósito, próximo à superfície, também deve ajudar a reduzir os riscos.
Fonte: Valor Econômico/Bernard Simon | Financial Times, em Toronto
PUBLICIDADE