A balança comercial brasileira registrou saldo positivo de US$ 6,7 bilhões em abril, o melhor resultado para o mês desde 2017, apesar de reduções tanto nas exportações quanto nas importações. Os dados foram divulgados há pouco pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
O superávit veio próximo do teto das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, que ia de superávit de US$ 3,620 bilhões a US$ 6,900 bilhões. A mediana era de US$ 6,3 bilhões.
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O saldo de abril ficou acima do registrado no mesmo mês do ano passado, quando o resultado foi positivo em US$ 5,6 bilhões.
O superávit acontece quando as exportações superam as importações. Quando ocorre o contrário, é registrado déficit comercial.
No acumulado do ano, o superávit da balança está em US$ 12,3 bilhões, menos que os US$ 14,7 bilhões registrados em igual período de 2019. O Brasil está exportando menos e também comprando menos de outros países, ou seja, há uma redução na corrente de comércio com o resto do mundo.
No mês passado, as exportações somaram US$ 18,312 bilhões, uma queda de 0,3% na média diária ante abril de 2019. Já as importações chegaram a US$ 11,611 bilhões, um recuo de 10,5% na mesma comparação.
O aumento do superávit comercial aconteceu em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem diminuído o fluxo de comércio entre os países.
Na semana passada, em videoconferência na comissão de acompanhamento das medidas de combate ao covid-19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o choque externo, no nível de atividade, não está acontecendo como o previsto anteriormente.
"As exportações [brasileiras] para os Estados Unidos e Argentina, os dois maiores parceiros comerciais depois da China, caíram acima de 30%. Para a União Europeia, caíram 2%. Para China, porém, subiram 25%, 26%. Como a China é mais do que a soma de Estados Unidos, Argentina e União Europeia, as exportações brasileiras estão inalteradas", disse ele, na ocasião.
Parcial de 2020
No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, a balança comercial registrou superávit de US$ 12,3 bilhões, informou o Ministério da Economia. A cifra representa uma queda de 16,44% frente ao saldo positivo de US$ 14,7 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
Esse também foi o pior resultado, para os quatro primeiros meses de um ano, desde 2015, quando foi registrado um déficit de US$ 5,1 bilhões. Deste modo, foi o pior primeiro quadrimestre em cinco anos.
De acordo com o governo, no acumulado de 2020, as exportações somaram US$ 67,8 bilhões – queda de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já as importações somaram US$ 55,6 bilhões, com recuo de 0,4% em relação ao mesmo período de 2019.
Expectativas
O governo brasileiro prevê um superávit de US$ 46,6 bilhões na balança comercial em 2020. Os dados foram divulgados há pouco pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
O saldo será resultado de US$ 199,8 bilhões em exportações e US$ 153,2 bilhões em importações. Ambos os resultados são piores do que em 2019, demonstrando uma expectativa de redução na corrente de comércio com o resto do mundo.
No ano passado, a balança ficou positiva em US$ 48,0 bilhões, com uma corrente de comércio (soma de exportações e importações) de US$ 402,7 bilhões. Neste ano, a expectativa é que essa corrente fique em US$ 353,0 bilhões.
A duração da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus pode levar a quedas mais intensas nas importações e exportações, admitiu o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz. Segundo ele, as projeções estão baseadas nas informações disponíveis até abril, mas ficam sujeitas a revisão trimestral. “De toda forma, dadas as características da pauta exportadora brasileira, com forte concentração de commodities agrícolas que, em geral, são produtos com baixa elasticidade renda (o consumo não varia tanto quando há variação na disponibilidade de renda), a Secex não trabalha hoje com um cenário de saldo comercial muito distante do projetado atualmente”, disse.
“É sim possível que as exportações e importações caiam ainda mais que o projetado, a depender da duração da crise. Contudo, dada as características da nossa pauta exportadora e o bom desempenho relativo do continente asiático, acreditamos que as exportações cairão menos que as importações, tornando o saldo comercial não muito longe do projetado atualmente”, acrescentou o secretário.
Segundo o secretário, a previsão considera variáveis como importações mundiais, taxa de câmbio real, atividade econômica brasileira, medida pelo IBC-Br, produção industrial e o comportamento do próprio comércio exterior brasileiro. “Assim, os dados considerados refletem os efeitos da pandemia até o momento. Futuras revisões das projeções irão incorporar novas informações disponíveis, com efeitos potenciais sobre as exportações e importações do País”, afirmou.
Fonte: Estadão