As recentes crises globais mostraram que a possível morte dos bancos de fomento no mundo, em um horizonte de longo prazo, é uma ideia equivocada. A avaliação é do ex-superintendente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e atual professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ernani Teixeira Torres Filho. Ele fez a observação ao lembrar o papel estratégico que o BNDES teve em injetar recursos no mercado brasileiro em momentos de fraca liquidez, nos períodos mais agudos da crise global iniciada em 2008.
O economista afirmou que o presidente americano, Barack Obama, estuda abrir um tipo de banco de fomento voltado para infraestrutura e salientou que o partido
socialista francês também já destacou a importância de uma instituição nos moldes do BNDES. Isso porque, em momentos de crise, a presença de um braço de crédito que opera em longo prazo, como é o caso do BNDES, torna o ambiente de mercado de capitais mais líquido e menos estressante. “A ideia que os bancos de desenvolvimento estavam mortos não é verdade”, disse.
O especialista admitiu que nos próximos quatro ou cinco anos o mercado financeiro brasileiro enfrentará um processo de mudanças significativas. A causa é a recente
queda de juros, que torna o perfil do mercado brasileiro mais parecido com o de outros emergentes, em termos de investimentos.
Na análise do professor, o BNDES vai acompanhar este ciclo de mudança. Não deve operar da mesma forma, porque os perfis de tomada de empréstimo devem seguir uma trajetória mais voltada para o crédito securitizado, ou seja, de títulos, na avaliação do ex-superintendente. Mas a maior vantagem do BNDES será sua flexibilidade, na avaliação do especialista. “Um banco de longo prazo com flexibilidade para ocupar espaços”. Ou seja: quando houver retração de crédito de curto prazo, o banco poderá operar para suprir essa escassez. Ao mesmo tempo em que não deixa de fornecer recursos de longo prazo para grandes empreendimentos.
Fonte: Valor / Alessandra Saraiva
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