O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou que o volume de desembolsos da instituição este ano poderia atingir R$ 170 bilhões caso não houvesse um freio, com a abertura de espaço para o mercado privado assumir parte da conta de empréstimos de longo prazo no país. De acordo com o executivo, o total desembolsado pelo BNDES este ano deverá girar em torno de R$ 145 bilhões, em linha com o que foi emprestado no ano passado.
"Temos estoque aprovado de projetos. Tínhamos no ano passado em torno de R$ 175 bilhões e está em torno de R$ 178 bilhões hoje. O estoque de projetos aprovado continua crescendo, mas obviamente nós reduzimos aquela parcela financiável pelo BNDES exatamente para abrir espaço para o mercado e para moderar o nosso desembolso neste ano de 2011", afirmou Coutinho, que participou do Rio Investors Day, no Rio de Janeiro. "Foi uma decisão tomada que está sendo implementada e, aparentemente, estamos conseguindo resultado", acrescentou.
Coutinho afirmou ainda que os investimentos ao longo dos próximos quatro anos na economia brasileira deverão totalizar R$ 3,2 trilhões, atingindo, ao final do período, em 2014, patamar próximo a 23% do Produto Interno Bruto (PIB).
"É um número para sustentar o crescimento de longo prazo sem pressão de inflação", disse Coutinho.
O executivo defendeu ainda um processo de desindexação da economia brasileira, de forma a acabar com um combustível que alimenta as taxas de inflação. Apesar da defesa, Coutinho ponderou que o processo deve ser feito de forma a não romper o respeito aos contratos. Ele lembrou que uma boa alternativa para as concessões de serviços públicos é mudar as regras de indexação na ocasião em que os contratos preveem a discussão das normas que regem as tarifas.
"Certamente algumas das regras de indexação podem e devem ser aperfeiçoadas e mitigadas", destacou Coutinho, lembrando que alguns índices como os IGPs "não são adequados" porque misturam índices híbridos. "Mas essa é uma matéria para discussão técnica e que terá que ser feitas consultando os vários interesses e respeitando as regras".
Também presente ao evento, o diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Mendes, confirmou que todo o debate com o mercado em relação a uma possível indexação tem sido travado "no mais absoluto respeito aos contratos."
"O ideal é que a gente consiga, a médio prazo, sair de regimes de indexação que a gente tem hoje, à Selic, ao DI. Que no longo prazo a gente consiga estabelecer formas de atuar e não fazer nenhum tipo de violência e que se consiga migrar para lá a quatro mãos", frisou Mendes.
Fonte: Valor Econômico/Rafael Rosas | Do Rio
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