O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) espera divulgar em cerca de 60 dias a sua primeira capitalização com recursos de um fundo soberano estrangeiro. Segundo o presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho, países do Oriente Médio, como o Emirados Árabes Unidos, estariam bastante interessados em comprar títulos do BNDES lastreados em ativos de empresas brasileiras, especialmente dos setores de petróleo e gás, infraestrutura e agronegócios.
"Estamos fazendo um grande esforço e esperamos ter novidades dentro de 60 dias", prevê Coutinho, que não citou os valores envolvidos. Ele informou que representantes do banco acompanham o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Ásia e ao Oriente Médio. Um dos objetivos é negociar com fundos soberanos desses países, entre eles o Catar. "Vamos fazer o máximo para o desenvolvimento de novos instrumentos para, se possível, aliviarmos a pressão sobre o Tesouro Nacional", disse o economista.
Com a retomada do crescimento econômico após a crise, o Tesouro vem socorrendo com empréstimos o BNDES, que pena para atender à forte demanda de recursos por parte das empresas. Nesse sentido, o banco de fomento vem buscando formas alternativas de financiamento, entre as quais estão os fundos soberanos estrangeiros.
Reduzir a pressão sobre o Tesouro Nacional, avalia Coutinho, será a melhor forma de evitar que, em um futuro próximo, o país seja obrigado a optar entre capitalizar o BNDES ou realizar os investimentos necessários.
Além de diversificar as fontes de receita do banco de fomento, o governo busca alternativas para estimular o crédito privado de longo prazo, o que reduziria a dependência do BNDES.
Segundo Coutinho, dentro de 45 dias poderão ser divulgadas as primeiras medidas neste sentido, que estão sendo discutidas em um grupo de trabalho formado por integrantes do Ministério da Fazenda, do próprio BNDES e da iniciativa privada. A desoneração fiscal sobre o investimento em títulos privados, como debêntures, está entre as medidas em análise, conforme antecipou o Valor na edição da última quarta-feira.
"As conversas estão avançando. Gostaríamos muito de acelerar essa agenda", afirmou Coutinho, que participou da 40ª Assembleia Geral da Associação Latino Americana de Instituições Financeiras (Alide), entidade que reúne os bancos de desenvolvimento da região. O evento foi promovido pelo Banco do Nordeste.
Fonte: Valor Econômico/ Murillo Camarotto, de Fortaleza
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