A BR Distribuidora anunciou uma mudança de nome e de marca corporativa e passará a se chamar Vibra Energia. A troca ocorre no mês seguinte à saída definitiva da Petrobras do capital da companhia e às vésperas da divulgação do novo planejamento estratégico da empresa, que deve se reposicionar não mais como uma distribuidora de combustíveis, mas como uma companhia de energia.
O vínculo com a Petrobras, sua principal parceira comercial, no entanto, está mantido. No mercado automotivo, a companhia continuará usando a BR como identidade visual e símbolo da sua rede de 8 mil postos de combustíveis, além das marcas Lubrax no mercado de lubrificantes, BR Mania nas lojas de conveniência e BR Aviation nos aeroportos.
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A Vibra apresentará, no dia 1º de setembro, um novo plano estratégico para lidar com o movimento de transição energética para uma economia de baixo carbono. Para os novos negócios que virão desse reposicionamento, a ideia é se apresentar com a nova marca, criada pela Tátil Design, fundada por Fred Gelli. O valor do contrato não foi divulgado pelas partes.
O presidente da Vibra Energia, Wilson Ferreira Júnior, afirma ao Valor que a mudança reflete o reconhecimento da mudança do perfil de consumo da sociedade. “Achamos que era importante ter uma marca corporativa que vibrasse nessa ‘vibe’ do consumidor hoje, que é muito ligada ao cuidado com o entorno, à diversidade, ao alinhamento com a questão ambiental que é cada dia mais importante”, comentou.
Segundo o executivo, a Vibra quer ser reconhecida por boas práticas nas áreas ambiental, social e de governança (a agenda ESG). A troca no nome ocorre depois que a Petrobras vendeu, em julho, sua fatia de 37,5% na BR, por R$ 11,358 bilhões. A estatal e a Vibra, contudo, mantêm contrato de licenciamento da marca BR até 2029, prorrogável por mais dez anos.
“É um sistema de marcas que a Vibra reconhece como boas, próximas ao consumidor. Nós não temos nenhum interesse em mudar a marca Petrobras - BR - nos postos, pois entendemos que essa é uma marca reconhecida pelos consumidores, é ‘top of mind’”, disse Ferreira Júnior.
Dentro do reposicionamento da Vibra no mercado, o executivo destaca que o novo planejamento estratégico deve trazer a visão da companhia sobre a transição energética e os seus impactos sobre os produtos comercializados pela empresa. Ele afirma que, num primeiro momento dessa transição, combustíveis fósseis como diesel e óleo combustível tendem a ser substituídos, pelos consumidores industriais, por exemplo, por gás natural e energia renovável.
“Queremos estar bem posicionados nos energéticos que serão os sucessores de curto e médio prazos na transição energética [como energia e gás], mas também daqueles que no longo prazo também vão vir, como hidrogênio verde, biometano... Para cada uma dessas iniciativas vamos ter participação para podermos ser fornecedores desses combustíveis, seja qual for a necessidade do cliente, esteja onde ele estiver”, disse.
A companhia já comprou uma comercializadora de energia, a Targus. No mercado de gás, a intenção é sair do segmento de distribuição, vender a concessionária capixaba ESGás em 2022, e concentrar a atuação na comercialização de gás e na distribuição de gás natural liquefeito (GNL). “Não queremos ser um ‘player’ de negócio regulado.”
Nesse processo de transição, a empresa mira oportunidades de aquisição. Segundo Ferreira Júnior, a Vibra tem hoje uma “posição financeira confortável” e se vê como uma consolidadora do mercado de energia. “Trata-se de um mercado que tem muitos ‘players’. É um negócio tipicamente de escala, deve haver uma consolidação e a companhia vai se colocar disposta a participar desse processo de consolidação”, complementou.
Com a Targus, a Vibra avalia oferecer a sua rede de postos a possibilidade de autoprodução de energia. “Estamos fazendo um conjunto de ofertas para alimentar esses postos com energia renovável, solar ou eólica, fruto de contratos via Targus, de tal maneira que o posto possa reduzir sua conta de energia e que tenha energia renovável na sua instalação”, disse.
A Vibra também toca algumas iniciativas de desinvestimentos. A empresa quer se desfazer de 20 a 25 ativos logísticos e espera levantar cerca de R$ 1 bilhão com a venda, compartilhamento e desmobilização das bases que já não lhe interessam mais. Ferreira Júnior disse, porém, que a Vibra continuará a investir em infraestrutura. “Queremos ampliar nossa vantagem competitiva logística.”
Fonte: Valor