Três meses depois da privatização, a BR Distribuidora dá os primeiros passos como empresa de controle pulverizado e, sem as amarras da gestão estatal, deu início à implementação de medidas para reduzir custos e aumentar sua rentabilidade. A companhia se prepara para a abertura do mercado brasileiro de combustíveis. Em meio à entrada de novos concorrentes na distribuição e à quebra do monopólio da Petrobras no refino, o presidente, Rafael Grisolia, vê “oportunidade gigante” para a distribuidora com o novo momento da indústria de óleo e gás.
A expectativa da BR, de acordo com o executivo, é se valer da posição de principal compradora de derivados para conseguir melhores condições comerciais. Entrar no refino, com a aquisição dos ativos da Petrobras, está descartado.
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“A Petrobras, por razões legitimas dela, trata todas as distribuidoras de forma igualitária. Ela precisa fazer isso por uma questão antitruste. Não tenho um milímetro de diferença em relação à menor distribuidora [na negociação de contratos de suprimento]. Vejo uma oportunidade gigantesca para a BR. A partir do momento em que as refinarias não pertençam a um só agente, poderemos estar livres dessa amarra que se impõe para nós, que é [o dono da refinaria] não nos enxergar como seu principal cliente”, afirmou, em entrevista exclusiva ao Valor.
Questionado sobre o interesse da Ipiranga e Raízen pelas refinarias da Petrobras, o executivo disse que não teme uma eventual verticalização de seus principais concorrentes. Segundo Grisolia, a BR buscará a aproximação comercial com os novos agentes do setor, “seja lá quem comprar” os ativos. Ele cita que, no etanol, por exemplo, a Raízen não deixa de negociar o biocombustível com distribuidoras concorrentes.
“A Raízen não usa disso [verticalização] para subsidiar um negócio com outro. Não faz sentido gastar bilhões numa refinaria para subsidiar [uma distribuidora]. Não é racional”, comentou.
Segundo Grisolia, a BR vem se preparando para “aproveitar bem” as oportunidades da abertura do setor de combustíveis e que um dos direcionamentos da empresa é aumentar a sua eficiência. Ele conta que, agora privada e sem se submeter mais à Lei das Licitações, a BR já começou a mapear oportunidades para cortes de custos.
Nesse sentido, a companhia está passando um pente-fino nos seus contratos com fornecedores. A BR tem hoje um estoque de R$ 7 bilhões em contratos antigos, da época em que era uma estatal, e vê espaço para otimizações.
“Estamos indo [analisar] contrato a contrato, desde limpeza a manutenção e engenharia”, afirmou.
Fonte: Valor