O Brasil está menos competitivo no cenário internacional, de acordo com o Índice de Competitividade Mundial 2012. O país caiu duas posições no ranking e ocupa agora o 46º lugar entre as 59 economias pesquisadas.
O índice é desenvolvido pelo IMD (International Institute for Management Development) e analisa dados estatísticos internacionais e nacionais -como PIB, taxa de juros e inflação- e uma pesquisa com executivos.
É calculado em pontos, de 0 a 100, e considera competitividade um campo de conhecimento econômico que analisa a capacidade de uma nação de criar mais valor para suas empresas e mais prosperidade para seu povo.
Para avaliá-la, são considerados quatro critérios: performance econômica -onde o Brasil mais caiu nesta edição -, eficiência do governo, eficiência dos negócios e infraestrutura.
Segundo o professor de finanças do IMD Nuno Fernandes, as maiores quedas do país ocorreram em itens ligados à atividade econômica, como fluxo de capitais, finanças públicas, inflação, taxa de câmbio, exportações com valor agregado e custo de vida.
Fernandes cita ainda problemas como burocracia, corrupção e o protecionismo, mas afirma que houve melhorias em temas como coleta de impostos, desemprego dos jovens e reservas cambiais.
"O protecionismo mina a competitividade das empresas. A produtividade é baixa porque as empresas estão muito protegidas e não precisam competir com as estrangeiras, mas ficam impedidas de competir no mercado internacional", diz.
Fernandes ressalta que, no Brasil, só crescem as exportações de commodities e não as que têm valor agregado.
Para o professor, as empresas do país devem buscar mais financiamento via mercado de capitais e não somente via setor bancário.
Além disso, é preciso investir na infraestrutura ligada à tecnologia e à produção científica e mudar a cultura empresarial, afirma.
"É necessário uma nova cultura de risco. Os empresários brasileiros têm uma cultura empreendedora ainda não muito elevada."
QUEDAS SEGUIDAS
A queda do país no ranking vem ocorrendo desde 2010.
Em comparação com a lista daquele ano, o Brasil já caiu oito posições.
"A queda é consequência do resultado do ano passado. É um sinal de que esse efeito se mantém e pode continuar se a gente não reverter o quadro do ano passado, que foi a perda de produtividade", diz Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, que capta e analisa os dados do Brasil.
A primeira posição do ranking permaneceu com Hong Kong, seguido de EUA e Suíça.
Todos os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) obtiveram redução de pontos no índice.
Fonte: Folha de São Paulo/MARIA PAULA AUTRAN DE SÃO PAULO
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