GENEBRA – O Brasil está disposto a discutir a suspensão de tarifas de importação para produtos paquistaneses para dar impulso à recuperação econômica do país após os prejuízos causados pelas inundações. A proposta foi sugerida ontem pelo diretor da Organização Mundial do Comercio (OMC), Pascal Lamy, com o chanceler Celso Amorim, em Genebra. Hoje, o ministro se reúne ainda com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha para debater a contribuição brasileira no campo humanitário.
Há um mês, as enchentes prejudicaram 21 milhões de pessoas e deixaram mais de 1,7 mil mortos no Paquistão. “Estamos dispostos a considerar essa opção (de suspender tarifas) para o Paquistão, já que o impacto das inundações foi terrível para o país”, afirmou Amorim. Em 2009, apenas US$ 44,6 milhões em produtos paquistaneses entraram no Brasil.
Na sexta-feira, ministros europeus também debateram o assunto, sem ainda uma posição final. A indústria têxtil europeia resiste em aceitar um corte de tarifas para os produtos paquistaneses, alegando que pode gerar prejuízos importante para o setor na Europa.
A Euratex – a associação de produtores têxteis da Europa – enviou uma carta ao comissário de Comercio da União Europeia (UE), Karel De Gucht, opondo-se à ajuda. “O governo paquistanês está usando de forma repetitiva todo o tipo de desculpa para pedir livre acesso para seus produtos na Europa”, afirmou a carta. Segundo a entidade, os argumentos já foram os de que o incentivo seria importante para lutar contra o terrorismo, crise econômica e agora as enchentes. “O Paquistão já é um ator principal nesse mercado têxtil no mundo”, alertou a entidade.
A UE debate três opções: oferecer acesso aos produtos paquistaneses ao seu mercado sem a aplicação de tarifas de importação, suspender todas as obrigações do Paquistão na OMC ou reduzir as tarifas para uma lista de produtos. Num primeiro momento, a proposta da Comissão Europeia é a de que 13 produtos têxteis do Paquistão sejam já alvo de uma redução imediata, com um impacto positivo para a economia paquistanesa de 25 milhões de euros. O problema é que, pelas leis da OMC, não se pode apenas liberalizar o acesso para bens de um país, discriminando os demais. A liberalização, portanto, daria acesso também a produtos da Índia e China e às importações anuais da Europa cresceriam em US$ 135 milhões. Desse total, apenas US$ 55 milhões iriam para o Paquistão.
Para Bruxelas, o apoio econômico tem uma função de evitar a proliferação do extremismo islâmico. “Todos concordamos que o Paquistão precisa de apoio”, afirmou Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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