A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira, em entrevista coletiva em Nova York, que o Brasil teve que se defender da chamada guerra cambial por meio da adoção de um novo "mix" de juros e câmbio. "Tivemos que procurar nos defender", afirmou a presidente, que fez de manhã o discurso de abertura da 67ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Dilma não detalhou o que seria esse novo "mix" de juros e câmbio. Nos últimos meses, porém, o governo impôs medidas para desestimular a entrada de capitais e o Banco Central passou a atuar mais fortemente no mercado cambial, ao mesmo tempo em que reduzia os juros básicos da economia para os menores patamares da história.
A presidente falou da atitude "defensiva" brasileira ao descrever a chamada guerra cambial e ao propor que os países adotem novo pacto de crescimento, dois temas preponderantes em seu discurso na abertura do encontro da ONU.
Didaticamente, ela explicou que a maciça expansão monetária feita por países desenvolvidos está levando à desvalorização de suas moedas e à valorização da taxa de câmbio dos países emergentes. "A moeda desvalorizada é um dos mais conhecidos instrumentos de competição internacional", disse Dilma, em entrevista no Hotel St. Regis, onde está hospedada. "Apesar de não estar previsto [nas regras comerciais internacionais] como um elemento artificial de concorrência, é um elemento artificial de concorrência.”
As acusações de que o Brasil está caminhando para o protecionismo também foram rebatidas pela presidente. Essa é uma acusação feita, por exemplo, por uma carta entregue ao governo brasileiro pelo representante comercial americano, Ron Kirk, que vê como protecionismo a movimentação do país para aumentar tarifas de importação de milhares de produtos.
Dilma citou um ranking recente divulgado pela Global Trade Alert qua mostra que o Brasil impõe menos medidas classificadas como protecionistas do que outros países ocidentais e que, quando consideradas as medidas de liberalização, o país aparece como um dos que menos fecharam sua economia. "Os países deveriam formar num novo pacto em vez de apontar o dedo uns para os outros", afirmou Dilma.
Fonte: Valor / Alex Ribeiro
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