Recentes análises técnicas do governo federal e a comparação das evoluções de investimentos de sucesso em outros países levaram à maturação da ideia de que é necessário poupar mais, para poder investir no Brasil, visando ao crescimento econômico e ao desenvolvimento interno. Com estas palavras, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau e da Câmara de Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da República, Jorge Gerdau Johannpeter, justificou a meta da presidente Dilma Rousseff de elevar o índice de poupança e investimento do País para 25% do Produto Interno Bruto (PIB). A urgência da medida se dá “porque países como o Brasil, cuja geração de poupança e investimentos é inferior a 20% do PIB não conseguem apresentar um crescimento econômico acima de 2,5% ao ano”, apontou Gerdau, durante reunião-almoço na sede do Sinduscon-RS, ontem pela manhã. “A Índia investe 25% do seu PIB, e a China injeta recursos no patamar de 40% do PIB”, comparou, lembrando que o crescimento da economia brasileira tem se mantido lento, não passando do índice de 2% ao ano.
Entre os principais desafios para o desenvolvimento econômico brasileiro, Gerdau enumerou os altos custos da Previdência Social, a precariedade na educação básica, a falta de parques tecnológicos e elevados gastos de logística, com impostos cumulativos ao longo da cadeia produtiva em comparação a outros mercados. “Isso prejudica a competitividade das empresas, e adianta o processo de desindustrialização, que já observamos no País. A produtividade no Brasil em geral é boa, mas a indústria tem perdido competitividade com fatores como custo capital, tributação e preços elevados”, disse, ressaltando a urgência de correções tributárias no País.
Gerdau lembrou ainda que a precoce desindustrialização da economia brasileira gerou um superávit comercial de US$ 20 bilhões na exportação de manufaturados, e um déficit de US$ 92 bilhões em 2011. Mas o empresário destacou que, em contraponto, a balança financeira brasileira “está muito boa”. “As reservas internacionais do Brasil fecharam o ano passado em mais de US$ 350 bilhões”, lembrou.
As reservas internacionais, juntamente com a redução de impostos e o depósito compulsório, ajudaram o País a enfrentar a crise internacional, frisou Gerdau. Ele apontou também a necessidade de uma reforma trabalhista. “Ainda é preciso que os setores produtivos se mobilizem politicamente em busca de soluções para problemas pontuais como, por exemplo, a legislação trabalhista que tem deixado o setor da construção civil descontente e contribuído para o crescimento da informalidade na atividade que já supera 50%. O empresário disse ainda que é favorável ao recente movimento do governo federal, que estuda facilitar a entrada de técnicos estrangeiros no mercado de trabalho brasileiro para suprir a carência de mão de obra qualificada na área de engenharia. “Esta é uma decisão quase necessária, os problemas da construção civil são complexos”, refletiu.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)/Adriana Lampert
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