Industriais vão aproveitar vinda de Christine Lagarde, do FMI, ao País nesta semana
Industriais brasileiros querem aproveitar a passagem pelo Brasil da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, nesta semana, para pressionar o organismo multilateral a iniciar uma discussão internacional sobre o chamado "dumping cambial". A proposta é que seja realizada uma rodada de negociações capitaneada pelo FMI e pela Organização Mundial do Comércio (OMC), para definir um padrão de políticas cambiais a ser adotado pelos países membros e as sanções a serem aplicadas em caso de manipulação artificial da moeda.
"Os países poderiam ser punidos com salvaguardas ou até ser excluídos da organização", explica o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca. Ele adianta que a entidade deve entregar a Christine um documento com sua proposta em São Paulo, na sexta-feira. "Queremos assuntar com a diretora o que ela acha disso, pedir que examine."
O alvo número um da proposta é a China, um país cujo câmbio é administrado pelo governo de forma a tornar seus produtos mais competitivos. "É muito difícil estimar o efeito do dumping cambial sobre o comércio exterior brasileiro, mas que tem impacto negativo, não tem dúvida", comenta o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. "O dumping cambial da China atinge o Brasil direta e indiretamente." Ou seja, o câmbio faz com que os produtos chineses fiquem mais baratos no mercado interno e também torna a competição mais dura para os produtos brasileiros no exterior.
Mas é difícil mensurar o tamanho do estrago porque não há referência. Não existe um nível de câmbio "certo" que permita determinar o quando a cotação da moeda chinesa está deslocada em relação ao mercado. Portanto, não há como saber quanto o Brasil deixou de vender ou importou a mais. "Mas nenhum país vai, individualmente, brigar com a China", reconheceu Giannetti.
O diretor explica que, na formação de organismos multilaterais logo após a segunda guerra mundial, o tema câmbio ficou a cargo do FMI e os instrumentos para punir abusos no comércio, com o Acordo Geral de Tarifas de Comércio (Gatt), que deu origem à OMC. "Um tem as regras e outro tem as sanções, e eles não se conjugam", explica. Daí a proposta de uma rodada conjunta.
O diretor da Fiesp dá um exemplo do que poderia ser decidido nessa rodada. "Dizer que o câmbio deve ser flutuante, ditado por forças de mercado e que as intervenções dos bancos centrais são admitidas em casos excepcionais, como ataques especulativos, ou quando houver uma nítida sobrevalorização ou subvalorização", cita.
O governo brasileiro optou por dividir as discussões sobre o dumping cambial: o que seria a taxa de câmbio de equilíbrio é tema a ser debatido com o FMI, e o efeito desse fenômeno sobre o comércio, na OMC. Essa segunda vertente está um pouco mais adiantada, com a decisão da OMC de realizar, por sugestão do Brasil, um seminário no fim do primeiro trimestre do ano que vem para discutir o assunto. Em comunicado divulgado na sexta-feira, a OMC informou que a discussão será focada nas relações entre câmbio e comércio, mas as atuais regras do organismo multilateral não serão colocadas em debate. "O fato de estarmos puxando a discussão na OMC pode parecer pouco, mas não é", afirma o diretor do Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Felipe Hees.
Jornal La Stampa diz que FMI prepara ajuda de até ¤ 600 bilhões para impulsionar Itália
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está preparando um plano de ajudas para a Itália de entre € 400 bilhões e € 600 bilhões para dar tempo ao novo governo tecnocrata de Mario Monti de realizar suas reformas, segundo publicou ontem o jornal italiano La Stampa. De acordo com a publicação, o ex-comissário europeu Monti, substituto de Silvio Berlusconi, conversou com a diretora do FMI, Christine Lagarde, sobre a possibilidade de receber ajuda. Essas ajudas seriam oferecidas entre 12 e 18 meses a Monti para que seus tecnocratas consigam iniciar as reformas anunciadas para aliviar a dívida e, principalmente, fomentar o crescimento.
Apesar da chegada de Monti ao governo, os mercados continuam sem dar trégua à Itália e o prêmio de risco, que mede a diferença entre os bônus italianos de dez anos e os alemães de mesmo prazo, não baixa dos 500 pontos básicos. De acordo com o La Stampa, se Christine e Monti fecharem um acordo sobre o programa de ajudas à Itália, uma equipe do FMI negociará os detalhes com o governo italiano, como as condições e a quantidade do empréstimo, antes de submeter sua aprovação ao conselho do organismo internacional.
Enquanto isso, Monti apresentará suas primeiras medidas econômicas contra a crise em um Conselho de Ministros que será realizado no próximo dia 5 de dezembro. Entre as medidas concretas do novo Executivo, os meios de comunicação italianos acreditam que serão estabelecidos um novo imposto sobre o patrimônio imobiliário e um novo plano de ajuste no valor de € 15 bilhões.
Agravamento da crise dificulta privatizações gregas
O presidente da recém-formada agência de privatizações da Grécia afirmou neste domingo que os ambiciosos planos do país de levantar € 9 bilhões com a venda de ativos em 2012 são factíveis, mas alertou que o sucesso do projeto vai depender da forma como se desenvolver a crise da dívida da União Europeia (UE). Em entrevista ao jornal Kathimerini, o executivo-chefe do Fundo Desenvolvimento de Ativos da República Helênica, Kostas Mitropoulos.
"Eu diria que a meta é factível", disse. "Mas a realidade é que as suposições (para o orçamento) ainda precisam ser provadas. Para que haja vendedores, é preciso ter também compradores." Citando o fracasso do leilão de bônus da Alemanha na semana passada, Mitropoulos disse que "se isso continuar, estou certo de que teremos problemas em encontrar compradores para nossos ativos".
Para este ano, o governo grego planejava inicialmente levantar até € 5,5 bilhões com a venda de ativos e almejava alcançar a meta de € 50 bilhões até 2015, considerada por muitos cada vez menos realista. Agora, espera obter apenas € 1,8 bilhão neste ano. Mitropulos espera levantar outros € 3,3 bilhões com privatizações nos três primeiros meses de 2012.
No sábado, o ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, alertou que o país está enfrentando um "perigo mortal" em meio às dificuldades para arrumar suas finanças públicas num cenário de aprofundamento cada vez maior da crise da dívida europeia. Falando com repórteres, Venizelos instou o país a fazer um esforço nacional "sobre-humano" para garantir que o país saia da crise incólume, mas ele prometeu que a Grécia não precisaria adotar medidas adicionais de austeridade para cumprir com as metas orçamentárias.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)
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