A dificuldade de encontrar mão de obra qualificada e a inflação de salários, vivida em todos os setores industriais no Brasil nos últimos anos, impulsionaram o segmento de automação industrial. Para muitas empresas, a automação foi a solução para agregar qualidade e economia de mão de obra. A análise de Carlos Behrends, presidente da Endress+Hauser no Brasil, justifica a decisão da fabricante de medidores de origem suíça de construir sua primeira fábrica na América Latina no país.
Com crescimento que não viu a crise financeira de 2008, a companhia suíça vai investir R$ 25 milhões na fábrica. O local deve ser definido até "o carnaval", como disse Behrends, e Curitiba e Campinas disputam o projeto. Definido o local, as obras devem demorar mais 10 meses. A expectativa é começar a produção no país entre o fim de 2012 e começo de 2013. Desde que chegou ao país, em 1982, a Endress atende o mercado com importações das fábricas nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
A empresa fechará o ano com receita de R$ 80 milhões, alta de cerca de 20% sobre os R$ 60 milhões de 2010. Mesmo em 2009, quando a economia sentiu com maior intensidade a crise iniciada no ano anterior, a empresa cresceu 9%. E manteve o ritmo em 2010, com alta de 50% na receita.
Behrends conta que o desempenho dos últimos anos colocou o país entre os principais mercados da companhia. "Há oito anos, o Brasil representava 0,5% da receita mundial. Vamos fechar 2011 com 2% de participação." Grupo familiar sob comando de Klaus Endress, filho do fundador Georg, a empresa vai fechar o ano com faturamento de € 1,3 bilhão.
A nova fábrica vai garantir mais competitividade à subsidiária. Além da possibilidade de adaptar os equipamentos às necessidades de cada cliente, o presidente explica que a produção local possibilita três vantagens competitivas. A primeira e mais imediata será a redução no prazo de entrega dos produtos. Com a importação, o prazo médio para atender um pedido fica em torno de seis semanas. A nova unidade vai reduzir esse período para duas a três semanas.
Os outros dois pontos só virão no médio prazo: redução de custo e nacionalização dos equipamentos. O custo do produto brasileiro será similar ao importado. Segundo Behrends, inicialmente as peças dos medidores serão importadas e a baixa escala não vai garantir ganhos de custos. Mas o plano é substituir as peças importadas e atingir nacionalização média de 60% entre três e cinco anos. Com a nacionalização, abre-se o mercado do Mercosul e o ganho de escala deve ser acelerado com as exportações.
Da linha de produtos oferecida hoje, a fábrica começará produzindo medidores de nível e de pressão, que respondem por 40% das vendas no país. A partir de 2014, a previsão é iniciar a produção dos medidores de vazão, responsáveis por mais 40% das vendas.
O mercado de medidores no Brasil movimenta R$ 500 milhões por ano. Behrends destaca que houve uma mudança cultural importante nas empresas nos últimos três a quatro anos em relação à automação. "A automação era associada à qualidade, mas isso significava custo, despesa. Hoje, além da qualidade, a automação garante redução de custo, principalmente em termos de mão de obra."
(Fonte: Valor Econômico/Carlos Prieto | De São Paulo
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