Com os recordes sucessivos do pré-sal, o Brasil se tornará a segunda maior fonte de crescimento da produção mundial de petróleo até 2030, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE).
Em visita ao Brasil, às vésperas do megaleilão dos excedentes da cessão onerosa, o diretor-executivo da AIE, o economista turco Fatih Birol, afirma que a rodada, que ofertará, no dia 6 de novembro, volumes recuperáveis estimados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 6 bilhões e 15 bilhões de barris de óleo equivalente, é “certamente uma das maiores da história do setor”. O Brasil, segundo ele, “veio para ficar” como um dos principais produtores da commodity do mundo.
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A expectativa da entidade é que o país acrescente mais 1,2 milhão de barris diários de óleo à oferta global até 2024, o que representaria um aumento de cerca de 45% frente aos níveis de 2018, de 2,6 milhões de barris/dia. Segundo Birol, ainda é cedo para se afirmar se o Brasil terá condições de manter o atual ritmo de crescimento na segunda metade da próxima década, embora a expectativa é que a oferta nacional continue crescendo.
“Graças às mudanças estratégicas no marco regulatório da exploração e produção de óleo e gás, esperamos que a produção do Brasil cresça muito fortemente nos próximos anos. A próxima rodada de licitações dos excedentes da cessão onerosa é, certamente, uma das maiores da história do setor global de petróleo e o alto nível de interesse é um reconhecimento dos esforços do Brasil [nas reformas regulatórias] nos últimos anos. O país certamente veio para ficar como um importante fornecedor global de petróleo”, comentou Birol, em entrevista exclusiva ao Valor, por e-mail.
Novas matrizes de energia
O executivo veio ao Brasil para apresentar uma palestra, nesta terça-feira (29), sobre a transição energética e seus desafios no mundo, na Offshore Technology Conference (OTC), no Rio de Janeiro. Birol ainda vê um papel relevante para as petroleiras nas próximas décadas, mesmo diante das perspectivas de transição energética para uma matriz mais limpa. Embora as grandes multinacionais do setor estejam aumentando seus investimentos em renováveis, o diretor da AIE acredita que o mundo ainda “precisará de petróleo e gás por muitos anos”.
“Mesmo no nosso cenário de desenvolvimento sustentável, ainda haverá um papel para as petroleiras fornecerem óleo e gás. A demanda [por petróleo] não desaparecerá da noite para o dia. No entanto, olhando para o longo prazo, as petroleiras vão ver oportunidades para [usar] seus conhecimentos técnicos e seus recursos financeiros numa mudança gradual em direção às energias renováveis e à economia de energia de baixo carbono. O mundo precisará de petróleo e gás por muitos anos vindouros”, afirmou.
Fonte: Valor