ISTAMBUL - Os países do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – querem fechar um entendimento de facilitação de comércio para alavancar as trocas entre essas grandes economias emergentes, em meio ao marasmo das transações globais.
Amanhã haverá uma reunião de ministros de comércio do grupo em Moscou. Os negociadores discutiam hoje o texto da “parceria econômica” que os líderes deverão aprovar na quinta-feira na cúpula a ser realizada na cidade de Ufa.
Na percepção de negociadores do Brics, uma parceria econômica mais ampla exige o aprofundamento e diversificação das correntes de comércio e daí a importância para agilizar as transações, reduzindo entraves burocráticos e barreiras não tarifárias por meio de medidas sanitárias e fitossanitárias, por exemplo.
A parceria econômica que vem sendo discutida inclui iniciativas em áreas que vão de mineração à internet, mas, segundo um negociador, se trata, sobretudo, de algo “mais programático no momento”.
A China, sem surpresa, ocupa as atenções nesse debate, pelo desafio econômico e comercial que coloca a todo o mundo, e não somente a seus sócios do Brics, diante da competitividade de sua economia.
A declaração dos Brics em Ufa deverá reiterar o objetivo de o grupo implementar o comércio em moeda local. No entanto, isso não é para tão cedo, diante das divergências persistentes.
Pequim quer favorecer um modelo em que praticamente impõe o uso predominante de sua moeda, o reinmbi, para a qual quer uma internacionalização cada vez maior. A Rússia quer usar um esquema de correspondente bancário, que não é aceito no Brasil.
Por sua vez, o Banco Central (BC) do Brasil propôs o modelo do comércio em moeda local que o Brasil já faz, timidamente, com a Argentina e o Uruguai. Por ele, os agentes brasileiros não apenas exportam mas também podem importar em reais.
Outra discussão no Brics é uma proposta russa de criação de um sistema análogo ao Swift (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Globais), que hoje reúne mais de 8,3 mil organizações bancárias e clientes corporativos em dezenas de países para trocar mensagens financeiras.
O vice-ministro dos negócios exteriores russo, Serguei Riabkov, chegou a mencionar a ideia de criação de uma estrutura independente, mas outros negociadores dizem que, no momento, o debate é mais para trocar experiências.
Fonte:Valor Econômico/Assis Moreira
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