A valorização do dólar deu ao exportador um ganho de rentabilidade de 14,9% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo cálculos da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Obtido com um câmbio médio de R$ 1,75, parte expressiva desse ganho adicional se manteve em outubro. Na comparação com agosto, a rentabilidade subiu 7,5%.
Esse ganho em setembro ajudou a elevar a rentabilidade acumulada no ano, que está em 6,1% na comparação com os primeiros nove meses de 2010. Até meados de 2011, no entanto, todo o retorno adicional havia decorrido do aumento dos preços, especialmente das commodities. Agora, como seu principal componente é a desvalorização do real, beneficia o conjunto da exportação brasileira.
No acumulado até setembro, em relação a igual período de 2010, o preço médio dos bens exportados subiu 26%, puxado pela alta de 38% nos básicos. É esse movimento que explica o ganho de rentabilidade acumulado antes da valorização cambial, explica Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex.
Uma das consequências do forte aumento de preços dos produtos básicos foi a manutenção, em 2011, da tendência de concentração da pauta brasileira em pouquíssimos setores. De janeiro a agosto, as vendas de minério de ferro, petróleo bruto, complexo soja, açúcar e complexo carnes responderam por 46,8% das exportações brasileiras. O percentual cresce ininterruptamente desde 2006, quando a fatia desses cinco produtos ficou em 28,2% nos oito primeiros meses do ano. Em 2010, o peso das cinco commodities atingiu 43,4%.
No ano, até setembro, foi o aumento de preço que ajudou o exportador de manufaturados a preservar margem. Os preços médios desse segmento ficaram 14,6% mais caros de janeiro a setembro em relação a 2010. Para os economistas, o ganho de rentabilidade obtido com o câmbio ainda não é suficiente para levar a uma redução desses preços.
Fonte:Valor Econômico/Por Marta Watanabe e Sergio Lamucci | De São Paulo
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