O balanço da Vale no terceiro trimestre deve ser um dos mais fortes da empresa no ano, na expectativa de analistas ouvidos pelo Valor.
Os números que serão divulgados hoje, depois do fechamento dos mercados, são os primeiros da gestão de Murilo Ferreira, que sucedeu Roger Agnelli na presidência executiva da companhia.
As projeções indicam um resultado operacional recorde de R$ 18,4 bilhões na média das quatro projeções levantadas pelo Valor. O dado projetado supera os R$ 15,9 bilhões atingidos no mesmo período de 2010, que também foi recorde.
Entretanto, os analistas se dividiram em relação ao lucro líquido da companhia. Na avaliação de alguns deles, o ganho do trimestre pode ficar abaixo dos R$ 11,2 bilhões do segundo trimestre por conta da desvalorização cambial do período que deve ter efeito negativo na dívida em dólar da Vale.
Na média das projeções, o lucro estimado aponta para R$ 8,6 bilhões, que supera em mais de 200% os R$ 2,8 bilhões do terceiro trimestre de 2010, apesar de cair em relação ao segundo trimestre.
Max Bueno, da Corretora Spinelli, trabalha com um lucro líquido de R$ 8,4 bilhões por conta do dólar. A valorização cambial foi de 18,8% no terceiro trimestre - R$ 1,85 comparado a R$ 1,56 no segundo trimestre.
Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora estima um lucro de R$ 10,1 bilhão, por avaliar que a Vale tem equilíbrio entre ativos e passivos dolarizados.
A receita líquida é estimada na média em R$ 29,8 bilhões, ante R$ 13 bilhões no mesmo período de 2010, revigorada pelo volume de vendas e o preço elevado do minério de ferro entre julho e setembro deste ano. O volume estimado de vendas de minério oscilou nas projeções numa faixa entre 66 a 77 milhões de toneladas, enquanto o preço médio "realizado" do produto vendido foi da ordem de US$ 145 a US$ 146, segundo os analistas consultados. No mesmo período do ano passado, o preço médio do minério negociado pela Vale foi de US$ 118,87, ou menos 24%, segundo informações da SLW.
Os prognósticos para o futuro da Vale dependem da manutenção do crescimento da China, na avaliação dos analistas. Essa é a grande incógnita do mercado.
Os especialistas apostam mais nos bons resultados das mineradoras do que no das siderúrgicas no terceiro trimestre, considerados extremamente fracos na comparação com os valores históricos das companhias, hoje pressionados por elevados custos das matérias-primas, queda de vendas, preços em declínio no exterior e volume grande de importações.
Os analistas consideram que 2011 foi um ano muito adverso para a indústria do aço, na medida que o quarto trimestre não deverá ser muito diferente do terceiro. As perspectivas são um pouco melhores para 2012, já que os preços das matérias-primas - minério e carvão - vêm caindo.
As projeções para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que deve divulgar balanço amanhã, variam de um lucro de R$ 590 milhões previstos pelo Itaú BBA a um prejuízo de R$ 254 milhões estimado pelo Credit Suisse por conta das elevadas despesas financeiras da empresa.
Para os dois bancos, a divisão de mineração da siderúrgica, que deve alcançar nível recorde neste trimestre de 7,7 milhões de toneladas embarcadas, deve continuar a ser seu principal gerador de resultados.
As vendas de aço foram estimadas no período em 1,2 milhão de toneladas pelo Itaú BBA, ante 1,191 milhão no mesmo período de 2010, sendo 86% colocadas no mercado interno e 14% exportados. O Itaú BBA estima receita de R$ 4,2 bilhões e o CS, de R$ 4,1 bilhões, respectivamente e um Ebitda de R$ 1,68 bilhão e de R$ 1,7 bilhão. A margem Ebitda é estimada em 40,9% pelo CS e em 39,3% pelo Itaú BBA.
O lucro da Usiminas pode ir de R$ 90 milhões, pela Corretora Spinelli, a R$ 40 milhões, pelo Itaú BBA. Já a SLW Corretora prevê um prejuízo para a siderúrgica de R$ 379 milhões por conta da desvalorização do real frente ao dólar no período.
A empresa teve uma queda em seu volume de vendas totais de 33,6 milhões de toneladas para 2,9 milhões de toneladas neste trimestre e uma variação cambial negativa sobre a atualização de sua dívida em moeda estrangeira de R$ 508 milhões, segundo Pedro Galdi.
Para Max Bueno, da Corretora Spinelli, a empresa deve ter um desempenho muito parecido com o do segundo trimestre. A seu ver, a Usiminas não deve ter tido um impacto financeiro tão forte, pois proporcionalmente tem muito caixa em relação a dívida total de R$ 8,4 bilhões.
A Gerdau é apontada como uma das siderúrgicas em melhor situação pelos analistas. Na média das projeções sua receita líquida esperada é de R$ 8,9 bilhões, o Ebitda de R$ 1,1 bilhão e o lucro de R$ 423,5 milhões.
O total consolidado de suas vendas somou 4,7 milhões de toneladas no terceiro trimestre ante 4,7 no mesmo período de 2010. No Brasil, a Gerdau vendeu 1,8 milhão de toneladas de aços longos e no exterior, 2,8 milhões. A empresa sofreu uma redução em suas vendas de aços especiais para 708 mil toneladas face a problemas com sua empresa na Espanha, devido à crise europeia.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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