Para sair de vez do papel, as térmicas planejadas precisam passar por um leilão público em 29 de agosto. Esse processo garante a compra da energia a ser gerada, o que permite financiar grandes projetos. Para assegurar que o preço oferecido no leilão seja competitivo, o Palácio Piratini concedeu incentivos à MPX de Eike Batista e à Copelmi, empresa responsável por operar a Mina do Seival, que abastecerá as usinas. Nos últimos 12 meses, o mau desempenho da MPX provocou dúvidas sobre as iniciativas do empresário na região, apesar do apoio do governo e de já existir licença ambiental para as futuras usinas.
Entre os incentivos concedidos, estão redução e diferimento (maior prazo para pagamento) de impostos na compra de equipamentos e de insumos, como calcário. O diretor de infraestrutura e energia da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Investimento, Marco Franceschi, não soube precisar o impacto da medida sobre o custo de implantação do projeto.
A implementação dos complexos representará investimento de R$ 6,8 bilhões e aumento de 1,3 mil megawatts em capacidade instalada – cerca de 35% da demanda média do Estado.
– Os mesmos benefícios serão oferecidos a outras empresas que decidirem desenvolver projetos de geração a carvão no Rio Grande do Sul – afirmou Franceschi.
Presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral, Fernando Zancan aprova a iniciativa:
– É um incentivo justo, que já foi dado a outras fontes de energia.
Incentivos fiscais haviam sido prometidos em 2010, no governo Yeda Crusius, para usinas em Candiota. Na época, a iniciativa não decolou porque o governo federal barrou projetos de carvão em leilões de energia, por motivos ambientais.
Ambientalista critica iniciativa
Banidos da concorrência dos leilões por quatros anos devido à preocupação ambiental, os empreendimentos a carvão voltaram a fazer parte dos planos do governo diante da redução dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. A medida é criticada por ambientalistas que afirmam que novas tecnologias não são suficientes para reduzir a emissão de poluentes da queima do carvão.
– Isso mostra só a parte econômica da questão, não avalia o impacto na vida das pessoas – diz o químico e ambientalista Flávio Lewgoy, que defende o uso de energias consideradas limpas, como eólica e solar.
Economista especializado no setor de energia, Mikio Kawai Jr. ressalta a necessidade de diversificação da matriz energética:
– O uso do carvão é fundamental porque representa previsibilidade na geração elétrica. É importante apostar em energia eólica e solar, mas não há garantia de que haverá vento e sol.
Os projetos
MPX Sul
Potência: 727 MW
Investimento previsto: R$ 3,7 bilhões
Empregos: 2,5 mil durante a instalação e 200 na operação
Seival
Potência: 600 MW
Investimento previsto: R$ 3,1 bilhões
Empregos estimados: 2,5 mil durante a instalação e 200 na operação
Mina do Seival
Investimento previsto: R$ 150 milhões
Será responsável por abastecer as duas usinas
Controlada pela MPX de Eike, a mina será operada pela empresa Copelmi
Tem reservas comprovadas de 152 milhões de toneladas
Preste atenção
Para que o investimento saia do papel é preciso que os projetos vençam leilão do governo federal.
A próxima disputa, que envolve todo o país, está agendada para 29 de agosto.
Ganha quem oferecer o menor custo.
Há previsão de que haja um segundo leilão até o fim deste ano.
Fonte: ZERO HORA/Cadu Caldas
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