O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, negou nesta terça-feira que haja um desmonte da estatal de petróleo. Ele reafirmou que a empresa pretende, sim, vender algumas de suas refinarias, mas explicou que isso é apenas uma gestão de portfólio.
“Não vamos vender todas [as refinarias], não vamos sair do negócio de refino. Escuto que há desmonte na Petrobras, não há desmonte nenhum. A companhia pretende investir U$ 105 bilhões em cinco anos e vender ativos no valor de U$ 30 bilhões. Desses U$ 105 bi, US$ 90 bilhões vão ser investidos em petróleo e gás. Não há desmonte, há simplesmente uma gestão de portfólio.”
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Segundo ele, é necessário retirar aqueles ativos que não são rentáveis para a Petrobras e deixar na mão da empresa aqueles que são rentáveis.
A defesa foi feita durante audiência pública na comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. O presidente da estatal foi convidado para explicar a elevação dos preços dos combustíveis no País.
Ao argumentar sobre a necessidade de se abrir o mercado de refino, Castello Branco citou, como exemplo, a falta de combustível para aeronaves de pequeno porte. O presidente da estatal disse que, recentemente, a refinaria de Cubatão (SP) precisou entrar em manutenção e os pequenos aviões ficaram sem combustível.
“A Petrobras possui apenas uma refinaria para combustível de aviação, aviões agrícolas, monomotores, bimotores, aviões de pequeno porte. Essa refinaria teve de passar por manutenção e simplesmente não havia gasolina de aviação. Isso não pode acontecer, aconteceu porque uma empresa detém o monopólio. Isso restringe escolha do cidadão”, disse.
Além disso, Castello Branco justificou que o refino é uma atividade com baixo retorno. “O refino é uma tecnologia com ajustes marginais, então seu retorno tende a ser mais baixo. Então a decisão foi vender parte do parque de refino para usar esses recursos em parque de petróleo”, explicou.
O presidente da estatal disse também que a estatal está com sua produção de petróleo estagnada há dez anos. Nesse período, segundo ele, a Petrobras não consegue produzir acima dos dois milhões de barris diários. Por causa disso, Castello Branco disse que a empresa pública reservou recursos com o objetivo de “sair da armadilha da estagnação”.
Fonte: Valor