O volume de importações do Ceará no acumulado nos dez primeiros meses do ano chegou a US$ 1,65 bilhão, valor 62,89% maior do que o R$ 1,01 bilhão registrado em igual período de 2009. A combinação dólar desvalorizado e investimentos do setor industrial em maquinário com tecnologia internacional ajudaram a alavancar a saída de dinheiro do Estado, sobretudo, no mês passado.
Como se não bastassem esses dois motivos, o ingresso de grande quantidade de Gás Natural Liquefeito (GNL), para abastecimento do terminal de regaseificação da Petrobras, no Porto do Pecém, aliada à compra de trigo, ferro e aço, também colaboraram para que outubro fosse considerado o segundo mês em que o Ceará mais importou no ano. Foram US$ 236 milhões. Inferior apenas que agosto último, quando o Estado gastou US$ 272 milhões em transações comerciais fora do Brasil. Em relação a setembro deste ano, o desempenho das importações do Ceará no mês passado cresceu 18%. Na comparação com outubro de 2009, quando o desembolso cearense foi de apenas US$ 83 milhões, o salto foi ainda maior, 185%. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
China e EUA
Em 2010, o mercado cearense ficou ainda mais dependente dos produtos advindos dos dois países que, atualmente, protagonizam a "guerra cambial, China e EUA". Alvo de críticas de países de todo mundo, sobretudo dos emergentes, como o Brasil.
A participação dos chineses no mercado interno local subiu de 14% (no acumulado entre janeiro e outubro de 2009) para 23%, em similar período deste ano, totalizando US$ 381 milhões. Os Estados Unidos continuam como segunda fonte preferida dos cearenses como origem de mercadorias, com US$ 180 milhões e participação de 10% das compras cearenses nos exterior. Avanço de cinco pontos percentuais em relação ao acumulado nos dez primeiros meses do ano passado.
A lista dos maiores parceiros comerciais do Ceará neste ano fecha com Alemanha (US$ 110 milhões), Itália (US$ 108 mi), Argentina (US$ 95 mi), Rússia (US$ 87 mi), Trinidad e Tobago (US$ 75 mi), Nigéria (US$ 71 mi) e Uruguai (US$ 41 mi).
Mais de 80% de todo o montante que foi desembolsado entre janeiro e outubro deste ano, com produtos estrangeiros, o equivalente a US$ 1,37 bilhão, estão concentrados em somente 40 empresas, que possuem atividades no Estado do Ceará.
As principais compradoras de insumos do exterior são Aço Cearense Industrial, Petrobras, M. Dias Branco, Indústria e Comércio Alim, Têxtil Bezerra de Menezes, Maracanaú Geradora de Energia, Grande Moinho Cearense e Nufarm Indústria Química e Farmacêutica.
NEGATIVOS
Balança comercial registra US$ 636 mi
As exportações cearenses em outubro último apresentaram queda 4,2%, ante igual período do ano passado, com um volume de US$ 102 milhões. Sobre setembro, o recuo foi um pouco menor, 3,1%. Apesar desse resultado, no acumulado deste ano sobre similar intervalo de 2009, houve variação positiva de 16,4%. Ou seja, US$ 1,014 bilhão, ante US$ 871 milhões do ano anterior, de acordo com o Mdic. Apesar do conflito comercial entre as potências mundiais, o acumulado das exportações cearenses também aumentou em 2010. Contudo, a diferença entre o que foi vendido e o que foi comprado continua crescendo negativamente.
O déficit na balança é quase 3,5 vezes maior do que o de semelhante intervalo de tempo do ano anterior. Enquanto que nos dez primeiros meses de 2009 o déficit na balança foi de US$ 142 milhões, e o de semelhante período deste ano chegou a US$ 636 milhões. Isso representa um acréscimo de 347%, na comparação. Se por um lado, a China é a principal importadora do Estado, e vem, cada vez mais, ampliando sua participação; por outro aspecto, o gigante asiático é apenas o 7º no ranking de parceiros comerciais que compram produtos cearenses, com o desembolso de apenas US$ 31 milhões. EUA (US$ 313 mi), Argentina (US$ 97 mi) e Reino Unido (US$ 97 mi) continuam entre os três maiores compradores das mercadorias locais. Castanha da caju, calçados, couro e melões frescos lideram os produtos do Estado mais procurados.
Fonte: Valor Econômico/ILO SANTIAGO JR.
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