A China poderá ampliar os benefícios fiscais a exportadores, para ajudá-los a enfrentar a queda no crescimento do comércio exterior, segundo três pessoas com conhecimento imediato sobre o plano. Esse mesmo tipo de estímulo foi utilizada no início da crise mundial de crédito.
O governo poderá isentar integralmente os exportadores do pagamento de 17% de imposto sobre o valor agregado sobre diversos produtos, entre eles móveis, calçados e brinquedos, contra as atuais isenções de 13% a 15%, disseram as fontes, que pediram para não ser identificadas pois a discussão é sigilosa. A política poderá ser implementada já neste mês, caso o comércio continue fraco, disseram.
O premiê Wen Jiabao prometeu um " ajuste fino" de políticas para enfrentar o agravamento da desaceleração na segunda maior economia do mundo, cuja exportação avançou ao ritmo anual de apenas 1%, em julho, contra 11% em junho. A deterioração do comércio aumentou o risco de que Wen não conseguirá manter sua meta de expansão econômica para o ano inteiro pela primeira vez desde que assumiu seu posto em 2003.
"As isenções fiscais aplicam-se principalmente a produtos intensivos em mão de obra e refletem o temor do governo com a crescente pressão do desemprego", disse Joy Yang, economista-chefe especializado em Grande China na Mirae Asset Securities, em Hong Kong.
É improvável que a mudança na política tributária incremente as exportações, disse Yang, que anteriormente trabalhou para o Fundo Monetário Internacional. "O maior problema, agora, para as exportações chinesas é a fraca demanda dos mercados externos, e as reduções de impostos não ajudarão muito a estimular a demanda".
Dai Bohua, porta-voz do Ministério das Finanças, que supervisiona a política fiscal, não atendeu telefonemas da Bloomberg News ontem. O ministério não respondeu imediatamente a perguntas enviadas por fax.
A China usou esse instrumento para ajudar a economia em 2008 e 2009, quando as exportações caíram na esteira da crise financeira mundial. Em certo momento, o país ampliou as isenções tributárias para 553 produtos, entre eles motocicletas e máquinas de costura. As exportações do país caíram 16%, em 2009, em relação a 2008.
Os embarques, para o exterior, de produtos afetados pela redução dos impostos totalizou pelo menos US$ 130 bilhões em 2011, ou cerca de 6,8% das vendas da China para o exterior, com base em dados compilados pela Bloomberg News. A administração aduaneira chinesa deverá publicar dados sobre o comércio de agosto em 10 de setembro, e as estatísticas de setembro em 13 de outubro.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 7,6% no segundo trimestre em relação ao ano anterior, sendo esse o ritmo mais lento em três anos. Em março, Wen fixou uma meta de 7,5% para 2012.
"Um afrouxamento adicional da política é necessário para evitar uma desaceleração ainda maior no crescimento da produção", escreveram Sun Mingchun e Sun Chi, economistas do Daiwa Securities Group, em Hong Kong, em um memorando, hoje. "O crescimento das exportações deverá permanecer fraco".
A China precisa de medidas específicas para promover o crescimento ininterrupto das vendas no exterior, inclusive uma restituição mais rápida dos descontos tributários, disse Wen durante uma visita à província de Guangdong, no mês passado, a maior exportadora entre todas as províncias chinesas.
O governo concedeu 531,6 bilhões de yuans (US$ 84 bilhões) em isenções de impostos sobre exportações no primeiro semestre de 2012, ou seja, um aumento de 16,4% contra o ano anterior, segundo o o Ministério das Finanças.
Fonte: Valor
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