O presidente chinês Xi Jinping anunciou novos compromissos climáticos na Cúpula de Ambição Climática. Disse que a China irá reduzir suas emissões de CO2 por unidade de PIB em "mais de 65%" em 2030 de acordo com os níveis de 2005.
A meta atual da China, que é o maior emissor global de gases-estufa, é de 60% a 65%. Xi Jinping acenou com “mais de 65%”.
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O presidente chinês também reafirmou o compromisso anunciado em outubro de o país alcançar a neutralidade nas emissões líquidas em carbono antes de 2060.
Disse que o país quer ter 1,2 GW de capacidade instalada em energia solar e eólica em 2030 e que aumentará a participação de fontes não fósseis no consumo de energia primária em cerca de 25% em 2030.
Trata-se de meta ambiciosa. Atualmente, a capacidade instalada de eólica e solar da China está por volta de 360 GW. A ambição chinesa é triplicar a geração por estas duas fontes renováveis.
Xi Jinping reforçou o compromisso de o país alcançar o pico das emissões antes de 2030, o que é um avanço ao compromisso no Acordo de Paris – ali a China falava em chegar ao pico "por volta" de 2030.
No anúncio mais aguardado da Cúpula promovida pela ONU, Reino Unido, França, Itália e Chile, o presidente chinês reforçou a importância de combater a crise climática através do multilateralismo.
“Ao enfrentar o desafio do clima, ninguém pode ficar indiferente. O unilateralismo não nos levará a lugar nenhum”, disse o líder chinês, pedindo novos avanços na governança climática.
Xi Jinping seguiu: “Somente defendendo o multilateralismo, a unidade e a cooperação podemos oferecer benefícios compartilhados e um cenário de ganha-ganha para todas as nações”.
O presidente chinês pediu mais ambição, mas lembrou um dos princípios das negociações climáticas, o das Responsabilidades Comuns, porém Diferenciadas. “Todos os países têm que maximizar suas ações à luz das respectivas circunstâncias nacionais e capacidades”, citou.
Trata-se de diferenciar os esforços maiores que devem ser feitos pelos países ricos para enfrentar o problema.
“Países desenvolvidos devem aumentar a ajuda aos países em desenvolvimento em finanças, tecnologia e capacitação”, cobrou Xi Jinping.
Lembrar os princípios básicos da negociação climática, que diferenciam as responsabilidades dos países ricos e dos em desenvolvimento é uma mensagem do líder chinês ao presidente eleito dos Estados Unidos Joe Biden. Os EUA voltarão ao Acordo de Paris, mas cobrarão mais esforços da China.
Xi Jinping também anunciou que o país aumentará seu estoque em carbono florestal em seis bilhões de metros cúbicos diante dos níveis de 2005.
O líder chinês disse que “a China sempre honra seus compromissos” e que o país irá “promover desenvolvimento social e econômico mais verde”.
Manish Bapna, vice-presidente executivo e diretor do World Resources Institute (WRI) lembrou que para a China cumprir sua meta de neutralidade em 2060 “deve se comprometer com metas de curto prazo mais fortes antes da CoP 26”.
“A energia renovável reforçada, a intensidade de carbono e as metas florestais são passos na direção certa, mas análises recentes do WRI indicam que a China se beneficiaria mais econômica e socialmente se a ambição fosse maior, atingindo o pico das emissões o mais cedo possível”, diz Manish Bapna. Sem uma ação climática forte, a China perderá oportunidades de uma economia mais saudável e eficiente”.
Fonte: Valor