Maior importador do agronegócio brasileiro, sobretudo pela hegemonia na compra de soja, a China amplia agora a sua participação na importação de açúcar nacional. Em 2011, os embarques da commodity a partir do Brasil ao país asiático cresceram 70% em volume, para 2,1 milhões de toneladas, rendendo mais de US$ 1,2 bilhão. Com isso, a China passou de sexto maior importador de açúcar brasileiro em 2010 para a segunda posição em 2011, atrás somente da Rússia, tradicional líder nesse ranking.
As altas taxas de crescimento e o avanço da urbanização do país asiático justificam o movimento que tende a ser ampliado ano a ano, diz o CEO da maior exportadora brasileira da commodity, a Copersucar, Paulo Roberto de Souza. Ele aposta que a China deve se tornar "a nova Rússia" para o açúcar brasileiro, ou seja, assumir a liderança entre os maiores importadores. "Os russos que buscam autossuficiência em açúcar, devem continuar reduzindo suas compras, enquanto as dos chineses vão aumentar, com o consumo crescente de industrializados", avalia.
Para marcar posição nesse mercado - fortemente disputado por países asiáticos produtores de açúcar, como Tailândia e Índia -, a Copersucar planeja abrir neste ano um escritório comercial ou estabelecer uma joint venture na Ásia para atender mais de perto China, Malásia, Indonésia e adjacências.
Sem mencionar volumes, Souza afirma que a China ganha importância nos negócios da Copersucar. Há dois anos, diz ele, a comercializadora não embarcava volume algum para os chineses. "Em 2011, enviamos vários navios. Para 2012, prevemos crescer sobre o volume de 2011", diz o executivo. Atualmente, o principal cliente da Copersucar na China é a estatal chinesa Cofco.
O país asiático produz açúcar, principalmente de cana-de-açúcar, mas sua oferta interna tem dificuldades de crescer diante da disputa por terra agricultável com outras culturas.
Segundo o último relatório da Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês), publicado em novembro, no ciclo 2011/12, que vai até setembro, os chineses vão produzir 12 milhões de toneladas de açúcar, 1,1 milhão a mais do que na temporada anterior, mas 3,3 milhões abaixo do recorde de 2007/08 (16,1 milhões de toneladas).
Em 2011, segundo a ISO, os preços domésticos do produto na China chegaram a bater recordes, diante da necessidade do governo de usar estoques públicos para atender à demanda interna.
O CEO da Coperuscar acredita que neste ano a China deve importar 2 milhões de toneladas de açúcar a mais do Brasil do que comprou na temporada passada.
Ele acredita que se não fosse pela concorrência da Tailândia - que será pelo segundo ano consecutivo um grande exportador - as vendas do Brasil para a China seriam ainda mais robustas neste ano. A ISO prevê que no ciclo mundial 2011/12 o excedente exportável da Tailândia vai facilmente atingir o recorde de 7,3 milhões de toneladas, 15% mais do que o do ciclo anterior.
A Índia, que na previsão da Copersucar deve exportar de 2 milhões a 4 milhões de toneladas nessa safra, também é um forte concorrente do Brasil na Ásia.
Com a recuperação da produção de açúcar no Brasil - a Copersucar acredita que voltará para 34 milhões de toneladas -, o país deve também se recuperar nas exportações, segundo o executivo. Em 2011, o Brasil embarcou 25 milhões de toneladas, 9,5% menos do que em 2010, segundo a Secex.
Fonte: Valor Econômico/Por Fabiana Batista | De São Paulo
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