Sem perspectivas de adquirir a curto prazo ativos minerais no Brasil, a Minmetals, a principal trading chinesas importadora de minério de ferro, conta com o aumento da produção doméstica para elevar o poder da China na definição do preço da commodity.
"A elevação dos preços do (minério de) ferro está tornando cada vez mais competitiva a produção na própria China. Ninguém sabe como estará o preço do ferro no futuro , mas podemos dizer que o consumo na China irá se estabilizar em um nível alto, com menor participação do minério importado", comentou He Liu, gerente-geral da subsidiária de engenharia da Minmetals, em visita a clientes no Brasil. A expectativa no mercado é de que haja um reajuste da ordem de 9% no minério de ferro no próximo ano.
No mês passado, a agência de notícias chinesa Xinhua divulgou entrevista do presidente da China Minmetals, Zhou Zhongsu, em que o executivo avaliou que a produção chinesa de minério de ferro deverá atingir 1,3 bilhão de toneladas até 2015. Nos primeiros nove meses deste ano, a China produziu 780 milhões de toneladas, volume superior às 460 milhões de toneladas adquiridas no exterior. O crescimento da produção doméstica foi de 26% no período, em comparação com o mesmo os mesmos nove meses do ano passado.
A Minmetals compra 10 milhões de toneladas de minério de ferro no exterior, 20% das quais brasileiras. A empresa teve no ano passado um faturamento equivalente a US$ 21,7 bilhões, mas sua receita está em crescimento acelerado, em função não apenas da elevação das commodities mas também das aquisições de ativos minerais que fez na Austrália, África e Chile. Zhongsu chegou a estimar em 70% a elevação do faturamento este ano, na mesma entrevista. He Liu não quis comentar sobre o resultado esperado para 2010.
A empresa chinesa esbarra na logística de transporte cara para fazer aquisições minerais no Brasil, embora não descarte a possibilidade no longo prazo. "Estamos sempre avaliando África, Austrália e Brasil", disse Liu. A mais recente aquisição da Minmetals foi a australiana OZ, no ano passado, por US$ 1,7 bilhão.
Na visita iniciada ontem ao Brasil, Liu fez contatos com os clientes da Minmetals em equipamentos siderúrgicos. A trading vende para o Brasil, em média, o equivalente a US$ 100 milhões anuais em produtos para esta indústria. Seu último grande contrato foi o fornecimento para a nova coqueria da Usiminas. O executivo está otimista com o mercado brasileiro de siderurgia a longo prazo. "O fato de existir no momento excesso de aço e algumas indústrias terem cancelado projetos grandes não muda nossa avaliação que o mercado doméstico brasileiro garante uma demanda forte pelo produto nos próximos anos", afirmou.
Fonte: Valor Econômico/César Felício | De Belo Horizonte
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