O clima seco em importantes regiões produtoras da América do Sul, sobretudo na Argentina e no Brasil, continua a oferecer sustentação às cotações internacionais dos principais grãos neste fim de ano. Ontem, na bolsa de Chicago, os contratos futuros de milho, trigo e soja registraram fortes altas e alcançaram seus maiores valores em seis semanas por conta dos reflexos do fenômeno La Niña, e o fator seguirá como protagonista entre os fundamentos de oferta e demanda pelo menos até fevereiro.
No mercado de soja, os contratos com vencimento em março, que atualmente ocupam a segunda posição de entrega (normalmente a de maior liquidez), fecharam a US$ 12,0950 por bushel (medida equivalente a 27,2 quilos), com valorização diária de 3,16%. Segundo cálculos do Valor Data, com isso a queda acumulada do grão em 2011 diminuiu para 13,79%.
No caso do milho, a segunda posição (maio) encerrou a sessão a US$ 6,4125 por bushel (25,2 quilos). A alta foi de 2,11%, e neste ano há valorização de 0,75%. No trigo, a segunda posição (maio) subiu 3,52%, o que reduziu a baixa acumulada em 2011 para 19,34%.
No momento os holofotes do "weather market" sul-americano estão mais concentrados na Argentina. A principal região agrícola do país, a chamada "Pampa Úmida", não recebe chuvas já há alguns dias e, provavelmente, assim continuará até domingo, conforme a consultoria Clima Campo.
No país, é o milho que nesta fase do desenvolvimento das lavouras precisa de mais água. A soja é mais resistente e pode resistir um pouco mais. Até choveu na última sexta-feira em polos importantes, mas no norte de Buenos Aires e no sul das Províncias de Santa Fe, Córdoba e Entre Ríos os déficits hídricos continuam preocupantes. Vale lembrar que o trigo não sofre mais riscos no vizinho, mas seus preços guardam relação principalmente com os do milho, já que ambos têm mercados consumidores em comum.
Conforme a consultoria Somar, no Rio Grande do Sul também não deverá chover até o fim do ano, o que não é bom para a soja. Mas por aqui os temores são bem menores, uma vez que na região Centro-Oeste, especialmente em Mato Grosso, as chuvas tendem a ser abundantes até o início de janeiro.
Fonte:Valor Econômico/Fernando Lopes | De São Paulo
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