De São Paulo - A safra 2010/11 de café deve começar a ser colhida a partir do fim de maio, mas representantes do setor produtivo e do governo já avaliam estratégias para evitar uma depreciação acentuada dos preços com a entrada da safra no mercado. Estimativas da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indicam que serão necessários R$ 5 bilhões em recursos para permitir o armazenamento do café que será colhido e evitar um excesso de oferta na entrada da safra.
"Esses recursos já existem. Ele podem ser usados a partir da exigibilidade dos bancos. O que está sendo estudado no governo são mecanismos para mitigar os riscos para que os bancos liberem esse dinheiro ao cafeicultor", afirma Breno Mesquita, presidente da Comissão Nacional do Café da CNA.
Para liberar os recursos da exigibilidade, os bancos geralmente pegam o produto como garantia para o crédito. Existe, no entanto, o risco de o preço do café no mercado recuar em relação ao momento da concessão do crédito, o que tornaria o valor de garantia inferior ao recurso liberado.
O Valor apurou que além de uma estratégia de proteção de preços na bolsa, os Ministérios da Agricultura e da Fazenda estudam a criação de um seguro para o café, que reduziria o risco do banco e daria agilidade na liberação dos recursos aos cafeicultores.
Historicamente, o produtor de café colhe o grão e já o coloca à disposição das indústrias ou dos exportadores, já que precisa fazer caixa para continuar o processo de colheita. A colheita, sozinha, representa praticamente 50% do custo de produção do café e requer uma grande quantidade de mão de obra. "Queremos criar uma política para ordenamento da oferta, principalmente nesta safra, que estamos no ciclo de alta da bienalidade do café", afirma Mesquita.
Paralelamente ao trabalho para levantar recursos para estocagem, a CNA está em fase final para o levantamento regional dos custos de produção da cafeicultura, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (Ufla). A apresentação dos dados está prevista para maio e a ideia é identificar os custos de cada região para permitir a elaboração de políticas regionais.
Praticamente todas as regiões produtoras já foram mapeadas. Falta fazer o levantamento apenas em Rondônia, na Bahia e em duas partes de Minas Gerais. "Precisamos desses dados para sentar com o governo e determinar políticas adequadas para cada região. As necessidades de Minas Gerais são diferentes das encontradas na Bahia", observa Mesquita. (AI)
Fonte: Valor Econômico/
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