O Brasil deve viver, em 2010, um cenário de investimentos e exportações em recuperação, crescimento de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e estabilidade no déficit público nominal e na dívida pública líquida, afirmou ontem a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em seu novo Informe Conjuntural. Em contraste às projeções positivas, a CNI avalia que o país terá expressiva pressão inflacionária, elevação da taxa básica de juros, superávit público primário abaixo da meta e um déficit de US$ 50 bilhões em transações correntes.
As projeções da CNI reforçaram a aposta no vigor da economia brasileira em 2010. "A indústria sofreu muito em 2009 quando o PIB recuou 5,5%. Neste ano, mesmo crescendo sobre uma base menor, teremos uma boa recuperação", analisou o economista da CNI, Marcelo Souza Azevedo. A indústria projeta elevação de 8% no PIB - em dezembro, apostava-se em 7%. A CNI estima elevação de 12% na produção industrial. "Estamos otimistas com o crescimento da demanda e do consumo das famílias". Esse consumo, aliás, deve crescer 6,2% no ano.
Os investimentos da indústria devem ter uma forte elevação no período. A retração de 9,9% em 2009 deve se transformar em um crescimento vigoroso de 18% neste ano. A estimativa anterior apontava para expansão de 14%.
Embora sejam otimistas, as projeções da CNI embutem alertas ao "expansionismo" fiscal provocado pelo aumento dos gastos do governo e os "prejuízos" ao setor industrial derivados da política monetária. As contas do chamado setor público consolidado devem registrar superávit primário de 2,5% do PIB. Isso porque o ritmo de expansão das despesas do governo federal e dos governos regionais estão "distantes" das metas para 2010 - o superávit primário deste ano está fixado em 3,3% do PIB. As despesas com juros deverão somar 5,55% do PIB, avalia a CNI. "O que não deve permitir uma melhora significativa dos resultados fiscais mais amplos", assinalou o informe. O déficit nominal deve cair de 3,3% do PIB em 2009 para 3,05% do PIB em 2010. A dívida pública como proporção do PIB deve passar de 42,8% para 41,8% neste ano.
O informe da CNI também prevê a inflação de 5,4%, índice acima dos 4,7% estimados na última projeção e bem superior aos 4,3% registrados em 2009. O IPCA deste ano deve ficar acima da meta central de inflação de 4,5%, mas dentro do intervalo permitido. "Os preços administrados não têm pressão, os industriais estão controlado, mas alimentos e bebidas, que são componentes pesados do IPCA, vão continuar a puxar para cima a inflação", disse Azevedo. "São commodities e não há muito como o governo intervir".
Pressionado pela inflação, a Selic, hoje em 9,5% ao ano, deve sofrer um forte ajuste para 11% até o fim do o ano - a última previsão da CNI indicava 8,75% ao ano.
Fonte: Valor Econômico/ Mauro Zanatta, de Brasília
PUBLICIDADE