O aumento da safra de grãos eleva a dependência externa brasileira em uma série de produtos necessários à produção agrícola.
Isso faz parte do mercado livre, mas o país, devido ao tamanho que tem no fornecimento mundial de alimentos, deveria desenvolver políticas específicas para reduzir essa dependência e elevar a participação mundial também na oferta de insumos e de maquinários.
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A produção nacional de grãos sobe rapidamente e deverá atingir 268 milhões de toneladas neste ano. Há cinco anos, estava abaixo de 200 milhões.
A produção de café já supera os 60 milhões de sacas nos anos de bienalidade favorável, deixando para trás o volume de 50 milhões de há cinco safras.
A produção de cana-de-açúcar, embora caminhe mais lentamente do que se imaginava, já está próxima aos 700 milhões de toneladas nos 10 milhões de hectares cultivados.
Uma das dependências brasileiras é a de adubo, embora o país não vá se livrar dela totalmente.
O aumento da área plantada e a busca por maior produtividade fizeram o país importar o recorde de 2,7 milhões de toneladas de adubos no mês passado, 38% mais do que em janeiro de 2020.
Nos últimos três anos, os gastos com a compra externa somaram US$ 27 bilhões, 35% mais do que nos três imediatamente anteriores. Os principais fornecedores para o Brasil foram Rússia, Marrocos, Canadá e China.
A área cultivada com grãos, que estava abaixo de 60 milhões de hectares até 2016, subiu para 68 milhões atualmente. Esse crescimento, porém, está concentrado basicamente em dois produtos:soja e milho. A oleaginosa já atinge 38 milhões de hectares, e o cereal, 20 milhões.
Embora ocupando espaço menor, o algodão também teve boa evolução. Na safra passada, essa lavoura ocupou 1,7 milhão de hectares, que renderam 4,4 milhões de toneladas de algodão em caroço.
Em 2017, a área era inferior a 1 milhão de hectares, e a produção se limitava a 2,2 milhões de toneladas.
Esse avanço obrigou a uma modernização do setor, que gastou US$ 291 milhões em importação de colhedoras nos últimos três anos, bem acima dos US$ 49 milhões de igual período imediatamente anterior, de acordo com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
A expansão da soja e do milho exigiu também maiores gastos com a importação de colheitadeiras de grãos. Foram US$ 91 milhões nos últimos três anos, o dobro do registrado em igual período anterior.
A expansão de área levou o país a atingir, ainda, patamar recorde de importação de agroquímicos.
Nos últimos três anos, os gastos foram de R$ 8,8 bilhões, 14% mais do que no mesmo período anterior. Estados Unidos, China e Índia foram os principais fornecedores desses produtos.
Fonte: Folha SP