Mineração e siderurgia: Empresa, que lucrou 31% a mais no trimestre, diz que alta é recomposição de margens perdidas em 2009.
Na esteira de uma recuperação na demanda, a produtora de aços planos CSN informou na sexta-feira que está aplicando neste trimestre um reajuste médio de 10% nos preços de várias linhas de produtos siderúrgicos.
Além do setor de distribuição, aumentos já foram aplicados a alguns clientes da indústria, que inclui os fabricantes de veículos, um dos principais consumidores de chapas e bobinas de aço.
De acordo com Luiz Fernando Martinez, diretor comercial da siderúrgica, o realinhamento representa uma recomposição de margens perdidas durante o ano passado, quando descontos de 30% foram dados aos distribuidores.
"No primeiro trimestre, os preços ficaram praticamente estáveis", disse, durante teleconferência com jornalistas sobre os resultados financeiros dos três primeiros meses do ano.
Com a melhora de demanda, a CSN está produzindo perto do limite de sua capacidade instalada no Brasil, conforme informou o diretor financeiro, Paulo Penido.
Na quinta-feira, a Gerdau, que atua no mercado de aços longos, também admitiu que está revisando preços, após fortes reajustes de insumos.
O preço do minério de ferro, que já subiu 100% neste ano, deverá apresentar novos reajustes no próximo trimestre, conforme as previsões de executivos da CSN, que também produz o insumo.
Essa tendência, dizem, reflete a continuidade de uma situação de demanda superior à oferta na China, maior consumidora da matéria-prima no mundo. Além disso, altas já são sinalizadas pelo Índice Platts de preços no mercado à vista chinês, que passou a ser a referência usada pelas mineradoras na definição de reajustes trimestrais.
Em seu relatório trimestral, a CSN informa que a tonelada do minério já subiu para acima de US$ 190, superando com folga os US$ 120 do início do ano. Só nos três primeiros meses de 2010, as vendas do minério pela CSN, excluindo o consumo próprio, foram de 5,6 milhões de toneladas.
Os embarques da companhia foram prejudicados pelas chuvas que atingiram o Rio no período, fato que levou a CSN reduzir de 37 milhões para 32 milhões de toneladas a previsão para as exportações de minério em 2010.
Até julho, a companhia prevê finalizar o programa de expansão que levará a capacidade anual de produção da mina de Casa de Pedra para 40 milhões de toneladas.
As vendas de minério no primeiro trimestre deram um reforço adicional aos resultados do período, quando uma combinação de incremento expressivo no volume de vendas e maior controle das despesas e custos operacionais permitiu à CSN compensar a deterioração no preço do aço. O lucro líquido foi de R$ 481,6 milhões, 31% acima do resultado líquido apurado em igual período do ano passado.
Considerando-se apenas as vendas de aço, os volumes praticamente dobraram, passando de 643 mil toneladas para 1,26 milhão de toneladas. As vendas domésticas marcaram avanço de 96%, para 1,09 milhão de toneladas, enquanto as exportações subiram 101%, atingindo 167 mil toneladas.
A receita líquida foi de R$ 3,2 bilhões, uma alta de 30% sobre o primeiro trimestre de 2009. O negócio siderúrgico representou 80% da receita no período, seguido por mineração (14%) e infraestrutura (5%). A margem bruta (receita de vendas menos custos de produção) passou de 30,9% para 43,9% no período. No quarto trimestre, era de 42,9%.
Fonte: Valor Econômico/ Por Eduardo Laguna, de São Paul
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