Com o petróleo russo sob sanção, a gigantesca frota de petroleiros oceânicos da Rússia está começando a parar. Nove navios Aframax, de propriedade da Sovcomflot PJSC, estão ociosos no mar há mais de uma semana após descarregar suas cargas, de acordo com dados de rastreamento de navios monitorados pela Bloomberg. Isso é mais de um quarto dos navios-tanque da empresa operando nas costas da Europa e da América do Norte.
A Sovcomflot é de propriedade majoritária do governo russo, que detém 83% das ações da empresa, mostram dados compilados pela Bloomberg. O Conselho de Administração de 10 pessoas inclui vários vice-ministros da Federação Russa, de acordo com seu site.
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Procurada pela reportagem, a empresa não respondeu a um pedido de comentário.
Apesar das sanções impostas pelos Estados Unidos e aliados, a frota da Sovcomflot não está sujeita a medidas que a impeçam de negociar, mas países como Reino Unido e Canadá não estão permitindo que navios russos atraquem após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Também houve uma cautela entre as empresas petrolíferas sobre comprar petróleo do país, enquanto os EUA e o Reino Unido anunciaram planos para parar de importar suprimentos da Rússia.
Os navios-tanque Aframax podem servir à maioria dos portos de petróleo do mundo e são comumente usados para remessas de petróleo bruto de curta e média distância, bem como para entregas de produtos refinados. Os navios de médio porte são amplamente utilizados no Mediterrâneo, no Mar do Norte, no Mar Negro e no Báltico.
Depois de descarregar suas cargas, os navios normalmente saíam para pegar a próxima remessa, talvez ficando ociosos por um ou dois dias aguardando ordens. Os problemas para a Sovcomflot podem piorar, com outros quatro navios-tanque parados por menos de uma semana após descarregar em portos europeus.
Sem problemas no Pacífico
Toda a frota de navios-tanque da Sovcomflot totaliza cerca de 110 embarcações, segundo dados da Clarksons Research Services Ltd., unidade da maior corretora de navios do mundo. Essas embarcações variam de pequenos navios que transportam produtos petrolíferos, até petroleiros gigantes que podem transportar mais de dois milhões de barris de petróleo bruto, mostram dados de rastreamento de navios.
A empresa possui 52 Aframaxes, tornando-se a maior proprietária de tais embarcações no mundo, segundo Clarksons. Cerca de um terço desses navios são observados operando no Oceano Pacífico, onde não parecem sofrer as mesmas dificuldades que os das águas europeias.
Aproximadamente metade desses navios do Pacífico são usados como navios-tanque para projetos de petróleo na ilha de Sakhalin, e têm um fluxo constante de cargas, principalmente indo para a China.
Fonte: O Globo