A retomada do comércio mundial deverá superar as expectativas, mesmo em meio a tensões na cadeia de suprimento mundial, aponta a Organização Mundial do Comércio (OMC). O maior risco que pesa sobre a produção global e o comércio exterior continua a ser a pandemia de covid-19.
A entidade prevê agora um crescimento de 10,8% do comércio mundial de mercadorias em volume, em vez dos 8% estimados em março. Para o ano que vem, a expectativa é de expansão de 4,7% (comparado a 4% estimado antes), moderando na medida em que o comércio de bens retorna à tendência de longo prazo de antes da pandemia.
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A OMC aponta problemas do lado da oferta, como a escassez de semicondutores e o atraso acumulado nos portos, que pode ter efeito negativo nas exportações e importações de certos setores, mas sem incidência maior sobre os resultados globais.
Quanto à inflação, se os choques que atingiram alguns setores continuarem, os bancos centrais poderão reagir aumentando os juros mais cedo que previsto e isso, diz a OMC, poderá ter repercussões negativas que terminarão por atingir as exportações e importações.
Os maiores riscos de queda continuam a vir da pandemia de covid-19, ainda mais se variantes mais mortais surgirem nos próximos meses. A variante Delta, particularmente contagiosa, já levou governos a retomar algumas medidas de confinamento.
Mais uma vez, a OMC nota que a retomada das exportações e importações ocorre em meio a divergências regionais. No Oriente Médio, na América do Sul e na África, a recuperação das exportações é mais fraca.No caso da América do Sul, a expectativa é de crescimento de 7,2% das exportações neste ano, diminuindo para expansão de 2% no ano que vem.
Do lado das importações, cresce nada menos de 19,9% em volume na América do Sul, indicando uma retomada da atividade na região. Mas modera bastante para 2,1% em 2022.
O comércio de serviços deverá ficar ainda atrás da expansão das trocas de mercadorias, sobretudo nos setores ligados à viagem e entretenimento.
As projeções da OMC anunciadas hoje levam em conta uma expansão de 5,3% da economia mundial, comparado a 5,1% projetado em março. Para o ano que, a expectativa é de Produto Interno Bruto (PIB) que desacelera para 4,1%, ainda assim mais alto que os 3,8% previstos em março.
Fonte: Valor