O comércio mundial tem sua maior queda desde a Segunda Guerra Mundial e, em 2010, terá apenas uma recuperação medíocre diante da estagnação de algumas das maiores economias. O alerta é da Organização Mundial do Comércio (OMC), que deixa claro: o crescimento da China não será suficiente para recuperar o prejuízo e as consequências políticas da crise ainda estão por vir. Como solução, a entidade indica que os pacotes de resgate implementados por governos não são sustentáveis e que as economias terão de buscar um novo "motor de crescimento".
Ontem, a OMC indicou que 2009 foi o pior ano desde a década de 40 para as exportações mundiais. Pelos dados da entidade, a queda do comércio foi de 12% no ano passado. Quando a crise eclodiu, a entidade havia estimado que a queda seria de apenas 7% no comércio. Naquele momento, o diretor da OMC, Pascal Lamy, rejeitou números de outras entidades indicando que o cenário poderia ser bem pior.
Mas, em dezembro, promoveu uma revisão do número e identificou que a queda já havia sido de 10%. Agora, a constatação dele é de que a crise é ainda maior. A retração teria ocorrido diante da queda dos maiores mercados consumidores, como Europa, EUA e Japão.
Para 2010, a previsão é de que haja uma recuperação. Mas dados preliminares da OMC indicam que a taxa seria insuficiente para compensar as perdas do ano passado. Com a economia europeia paralisada, a perspectiva é de que o comércio internacional tenha uma retomada apenas tímida.
A volta do comércio internacional aos níveis de 2007 e 2008 somente ocorreria em 2012, na melhor das hipóteses. "O comércio mundial foi uma vítima da crise", afirmou Lamy, em discurso em Bruxelas. "Vemos a maior queda do comércio desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse.
Sua avaliação é de que a redução no comércio foi causada pelo tombo das economias mais ricas e que também são as que mais importam. Outro problema foi a seca nos créditos de exportação, o aumento de tarifas em alguns países e a elevação de subsídios, distorcendo o mercado.
Para 2010, Lamy evita fazer uma projeção de qual será o crescimento do comércio. Mas indica que o maior desafio será a taxa "intoleravelmente alta de desemprego". (Fonte: O Estado de S.Paulo/amil Chade, CORRESPONDENTE, GENEBRA)
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