Um grupo de 22 empresários cearenses vai prospectar mercado, máquinas, equipamentos e tecnologias chinesas
"Se não puderes com o inimigo, alie-se a ele" diz um adágio popular que, cada vez mais começa a ser mencionado por representantes de vários segmentos da indústria brasileira, diante da invasão de produtos chineses no País. Nesse cenário de competição desmedida, em que um metro de jeans produzido no Ceará custa R$ 6,90 e o mesmo tecido "made in China", chega ao preço de R$ 5,50, ou por até 20% a menos, uma comitiva de 22 empresários, sendo 20 do setor de confecções e dois de calçados, segue no próximo dia 25 para Pequim, para conhecer de perto os métodos de produção da indústria chinesa.
Queremos conhecer o modelo de produção chinês, as máquinas e equipamentos, os processos produtivos, novos produtos e a tecnologia chinesa",revela o empresário e presidente do Sindconfecções-CE, Marcos Vinícius Rocha que, no próximo dia 25, segue para uma viagem de 13 dias à China. Coordenador do grupo, ele explica que outro objetivo é entender "in loco", como um trabalhador chinês produz com "eficiência e produtividade" por um salário de US$ 60, mensais, o equivalente a cerca de R$ 105,00.
Desindustrialização
"Vamos aproveitar para prospectar novos mercados e conhecer novas tecnologias e processos produtivos", acrescentou o empresário. Ele alerta que, a continuar nesse ritmo de invasão de produtos industrializados importados, e consequente desindustrialização no Brasil,"o industrial brasileiro vai se transformar, em breve, em comerciante" (importador).
Segundo Rocha, além da confecção chinesa, o Ceará e o Brasil estão sendo "aquecidos" pelas malhas peruanas que, entram no País beneficiados com as isenções de impostos do Mercosul. "Os importados estão entrando pelo Peru, Uruguai, Paraguai, com vantagens tributárias que não temos. Dessa forma é difícil competir", protesta o empresário cearense.
Carga tributária
"Se está difícil competir com os produtos (confecção) de Pernambuco, imagina com os chineses", alerta Rocha, para quem a saída passa pelo incremento das barreiras protecionistas brasileiras e pela redução da carga tributária, incluindo o ICMS.
"A indústria de confecção é competente, mas não existe competência produtiva que supere as diferenças econômicas da indústria da China", acrescenta Marcos Vinícius Rocha.
Diante deste cenário, ele provoca a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) e pede a redução para 4%, dos atuais 8% de ICMS sobre os insumos do setor de confecção que entram no Ceará. Segundo ele, em Pernambuco essa alíquota é de 1%, na entrada do Estado.
"O governo do Estado também deveria estar ajudando o setor a se tornar mais competitivo", reclama o empresário. Ele lembra que, reunindo as indústrias de confecção, de aviamentos, de etiquetas e botões, estamparias, lavanderias; a cadeia produtiva do setor gera cerca de 100 mil empregos, no Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CARLOS EUGÊNIO
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