RIO - Alvo de constantes reavaliações da Petrobrás, o investimento no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) deve ficar em pelo menos R$ 36 bilhões, mais do que o dobro do estimado inicialmente pela estatal, aponta uma projeção da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio. O primeiro valor com o qual a Petrobrás trabalhou foi US$ 8,4 bilhões (cerca de R$ 15,3 bilhões).
O montante atual, que inclui os aportes que deverão ser feitos pela Braskem, sócia da estatal no negócio, já supera o custo de implantação do trem-bala, ligando a capital fluminense a São Paulo, e o da Usina de Belo Monte, no Pará. A estimativa, divulgada ontem, segunda-feira, em encontro promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais do Rio (Lide-Rio), foi feita pelo governo do Rio com base em outros projetos de refinarias, como o de Abreu e Lima, em Pernambuco, também da Petrobrás.
Segundo o secretário de Desenvolvimento do Estado, Júlio Bueno, essa ainda é uma projeção conservadora. A expectativa do governo é de que o empreendimento, que tem cerca de 30% das obras concluídas, seja tocado com rapidez daqui para a frente. "Os trabalhos estão avançando. O País precisa aumentar o refino devido ao aumento da demanda por combustíveis", disse.
Com a explosão do consumo de gasolina, etanol e diesel no País a partir do ano passado, a Petrobrás corre contra o tempo para colocar suas refinarias de pé. Para este ano, a estatal projeta importar uma média de 80 mil barris diários de derivados, ante cerca de 60 mil no ano passado, o que tem gerado perdas incômodas para a estatal.
Parte do aumento dos custos do projeto está relacionada a seu redimensionamento e à remodelagem. Em agosto do ano passado a Petrobras decidiu incluir no projeto do Comperj a produção de óleo básico para fabricação de lubrificantes do chamado grupo 2, um produto de melhor qualidade do que o atualmente produzido pela estatal no Brasil. Com isso, a empresa não precisaria importar o insumo no futuro.
De acordo com especialistas, outros fatores também podem estar inflando o investimento. "Diversas variáveis podem estar influenciando. Já se passaram quatro anos. Pode haver aí um aumento, até pela própria inflação do período", afirma o engenheiro Gustavo Paim Valença, professor da Unicamp, sobre o projeto anunciado em 2008.
Ele aponta também o alto nível de ocupação da capacidade instalada da indústria que fornece componentes para esse tipo de empreendimento como elemento de pressão dos custos. "A nossa capacidade instalada está no limite e, com isso, se você quiser algum tipo de equipamento, vai ter de pagar mais caro", diz.
A previsão da Petrobrás é concluir o projeto em 2014, o que irá representar um atraso de três anos ante o prazo inicial, 2011. O Comperj será composto de uma refinaria e unidades geradoras de produtos petroquímicos de primeira geração (como propeno e benzeno) e de segunda geração (polietilenos e estireno, entre outros). Procurada, a estatal preferiu não comentar o assunto.
Fonte: Glauber Gonçalves, da Agência Estado
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