A falta de chuvas e o forte calor em importantes polos produtivos de soja do país nos últimos meses levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a novamente reduzir suas estimativas para a produção de grãos do país nesta safra 2018/19, cuja colheita está em andamento.
Em decorrência dos reflexos das intempéries na produtividade das lavouras, a Conab passou a calcular a produção de soja em 113,5 milhões de toneladas, 1,8 milhão a menos que o previsto em fevereiro e volume 4,9% inferior ao do ciclo 2017/18. Sob essa influência, atenuada por um aumento na projeção para o milho, a previsão da estatal para a colheita total de grãos caiu para 233,3 milhões de toneladas, ainda 2,5% mais que em 2017/18 e segundo maior volume da história, perdendo apenas para o do ciclo 2016/17.
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Em levantamento divulgado também ontem, o IBGE baixou sua estimativa para a produção de soja para 113,4 milhões de toneladas e diminuiu a projeção para a colheita total para 228,8 milhões. A Coordenação de Agropecuária do IBGE lembrou que as lavouras de soja mais prejudicadas foram as plantadas antecipadamente - paradoxalmente, quando o clima era favorável.
De acordo com a Conab, mesmo as variedades de soja que tinham potencial de recuperação, como as de ciclo médio, frustraram as expectativas dos agricultores diante da falta de chuvas. Em entrevista em Brasília, porém, o diretor de diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Guilherme Bastos, afirmou que ainda há uma possibilidade de que as plantações cultivadas com soja de ciclo tardio tenham se beneficiado com o regime de chuvas "um pouco mais regulares" do mês de fevereiro.
Para a produção de milho de verão, a estimativa da Conab também foi reduzida. A projeção para 2018/19 foi cortada em 240 mil toneladas, para 26,21 milhões. Mas a colheita de milho de inverno (safrinha), que está em fase de plantio, teve sua estimativa elevada em 2,1%, para 66,6 milhões de toneladas. Na comparação com a temporada 2017/18, que sofreu com o clima adverso, a nova projeção representa um expressivo aumento de 23,6%.
Outra cultura que teve as estimativas de produção cortadas por Conab e IBGE foi o arroz. Segundo a Conab, a colheita do cereal ficará em 10,6 milhões de toneladas, 11,8% menor que a do ciclo 2017/18. O IBGE foi na mesma linha - passou a projetar 10,5 milhões de toneladas - e ressaltou que a redução está concentrada no Rio Grande do Sul, Estado que lidera a colheita nacional.
"Nos últimos anos, em virtude dos preços pouco compensadores, têm-se verificado, no Rio Grande do Sul, redução da área plantada com arroz irrigado em função do aumento do plantio de soja. A rotação dessas culturas melhora o solo e favorece o rendimento médio de ambas", analisou o IBGE.
Fonte: Valor