A produção brasileira de grãos deverá alcançar o recorde de 246,6 milhões de toneladas nesta safra 2019/20, que está em fase final de plantio das culturas de verão, conforme novas estimativas divulgadas na manhã de hoje pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em relação ao volume projetado em novembro, há um leve aumento de 0,1%, e na comparação com o total colhido no ciclo 2018/19 o incremento chega a 1,9%.
Segundo a estatal, a área plantada total atingirá 64,2 milhões de hectares, 1,5% superior à estimada no ciclo passado, mas o clima será menos favorável e a produtividade média das lavouras cairá 1,2%, para 3.842 quilos por hectare.
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Nos cálculos da Conab, a produção brasileira de soja, carro-chefe do agronegócio nacional, deverá alcançar 121,1 milhões de toneladas nesta safra 2019/20, também um novo recorde histórico.. Em relação à previsão divulgada pela estatal em novembro, o volume é 0,2% maior, e na comparação com a colheita do ciclo 2018/19 o crescimento chega a 5,3%.
O incremento será resultado de uma área plantada de 36,8 milhões de hectares, 2,6% superior à registrada na temporada passada, e de uma produtividade média 2,6% mais elevada, calculada em 3.291 quilos por hectare.
“As chuvas irregulares registradas no início do ciclo, em estados da região Centro-Oeste e Sudeste, por exemplo, apresentaram melhoras a partir do mês de novembro, o que favoreceu o avanço das operações de plantio. Já no Matopiba, que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, as mudanças climáticas interferiram na evolução da semeadura, mas a perspectiva é que o plantio seja realizado dentro do calendário próprio para a região”, diz o texto da Conab.
A partir do volume de produção projetado, a Conab considera que as exportações de soja em grão alcançarão 72 milhões de toneladas, 2 milhões a mais que em 2018/19 e volume inferior apenas ao registrado na temporada 2017/18 (83,3 milhões de toneladas).
Para o milho, a Conab passou a prever, no total, colheita 98,4 milhões de toneladas em 2019/20, volume estável em relação ao previsto em novembro e 1,6% menor que o colhido no ciclo 2018/19. O resultado refleitrá uma área plantada de 17,5 milhões de hectares, 0,3% superior à registrada na temporada passada, e uma produtividade média 1,9% mais baixa, calculada em 5.609 quilos por hectare.
De acordo com a Conab, a queda ante 2018/19 será determinada por um pior desempenho da segunda safra. Para a chamada “safrinha”, a colheita passou a ser dimensionada em 70,9 milhões de toneladas, uma queda de 3,1% na comparação com 2018/19, fruto de uma área plantada estável (12,9 milhões de hectares) e de uma produtividade média, portanto, 3,1% inferior (5.508 quilos por hectares).
Para a primeira safra, a de verão, a estatal estima colheita de 26,3 milhões de toneladas, 0,2% mais que o projetado em novembro e volume 2,6% maior que o colhido em 2018//19. Nesse caso, a área está calculada em 4,2 milhões de hectares, com aumento de 1,2% ante o ciclo passado, e a produtividade média prevista é 1,4% maior (6.338 quilos por hectare)
A Conab também passou a considerar uma terceira safra, plantada em maio e junho na região batizada de Sealba (Sergipe, Alagoas e nordeste da Bahia). Para ela, a colheita prevista em 2019/20 é de 1,2 milhão de hectares, em queda de 5,1% ante 2018/19, consequência de uma área plantada ainda prevista como estável (514,3 mil hectares) e de uma produtividade média obviamente 5,1% mais baixa (2.255 quilos por hectare).
A partir do volume total de produção calculado, a Conab acredita que as exportações de milho alcançarão 34 milhões de toneladas, 6 milhões a menos que o recorde de 2018/19. O Brasil, que lidera os embarques globais de soja, é o segundo maior exportador de milho do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
No tabuleiro do arroz, a Conab manteve a estimativa de produção em 2019/20 em 10,5 milhões de toneladas, em queda de 0,6% ante à temporada anterior, causada principalmente pela redução de 1,1% na área cultivada, para 1,7 milhão de hectares.
“Apesar da redução da área nos últimos anos, a maior proporção de áreas irrigadas, que possuem uma maior produtividade, e o investimento do rizicultor em tecnologias, que proporcionam um maior rendimento da área, permitiram uma manutenção da produção ajustada ao consumo nacional”, repte a Conab no relatório divulgado hoje.
No caso do feijão, a colheita total também teve sua projeção mantida, em 3 milhões de toneladas, mesmo nível de 2018/19. Para a primeira safra (o feijão tem três), a estimativa é de colheita de 1milhão de toneladas, alta de 4,8%, consequência da expectativa de uma recuperação da produtividade - no ciclo passado, a temporada de verão sofreu com o tempo seco e a colheita quebrou em muitas regiões. A área deverá ser 1,3% menor, da ordem de 910 mil hectares.
“O plantio praticamente terminou nas regiões Sul e Sudeste e, com exceção de São Paulo, onde o plantio inicia mais cedo e a cultura já está entrando em ponto de colheita, de maneira geral, a maior parte das lavouras está em desenvolvimento vegetativo e enchimento de grãos”, diz o texto do relatório.
Para a segunda e terceira safra da leguminosa, a Conab manteve a estimativa de colheita em 1,3 milhão de toneladas (queda de 3,1%) e 736,5 mil toneladas (alta de 1%), respectivamente.
Para o algodão, finalmente, a Conab ajustou levemente para baixo sua estimativa para a produção da pluma em 2019/20, em função de uma projeção marginalmente menor para a área plantada. Em sua nova estimativa, serão colhidas 2,7 milhões de toneladas, 0,1% abaixo da projeção anterior. O volume ainda representa, porém, um crescimento de 1% em relação à safra passada.
“A produção, estimada em 2,7 milhões de toneladas de algodão em pluma, é considerada uma das maiores dentro da série histórica, influenciada pelos grandes investimentos feitos no setor e pela expansão de área cultivada, especialmente em Mato Grosso e Bahia que, juntos, correspondem a mais de 88% da estimativa de produção para 2019/20”, informou a Conab, no relatório divulgado.
A estimativa é de que a área plantada com algodão fique em 1,6 milhão de hectares em todo o país, 0,1% menos do que o projetado em novembro, mas 1,6% acima da área semeada na temporada 2018/19. Segundo a estatal, o plantio ainda não começou em algumas das principais áreas produtoras por causa do vazio sanitário, mas a expectativa é que os trabalhos ganhem força a partir de janeiro.
A estimativa para a produtividade da pluma foi mantida em 1,658 tonelada por hectare — 1,6% abaixo do rendimento obtido na safra passada.
Para o caroço de algodão, a estimativa de produção também foi ligeiramente reduzida em 0,1%, para 4,088 milhões de toneladas, agora praticamente estável ante o volume colhido na safra passada. A estimativa para a produtividade do caroço foi mantida em 2,486 toneladas por hectare.
Fonte: Valor