O processo de venda dos ativos de siderurgia do grupo alemão ThyssenKrupp instalados no Brasil (CSA) e nos Estados Unidos evoluiu pouco. Fontes que acompanham as negociações avaliam que o negócio não deve fechar antes do fim do ano. As ofertas foram entregues em 28 de setembro e até agora não foram divulgados os nomes dos grupos escolhidos para continuar na disputa.
No páreo, segundo interlocutores, estão sete empresas: a coreana Posco, a japonesa JFE, as americanas Nuccor e US Steel, a franco-indiana ArcelorMittal, a ítalo-argentina Ternium e a CSN. Há dúvidas quanto a participação da chinesa Baosteel. Segundo fontes, haveria mais propostas de compra pela laminadora do Alabama que pela CSA. A ArcelorMittal, por exemplo, é apontada como forte candidata à unidade americana, apesar do controlador da companhia, Lakshimi Mittal, ter visitado a CSA, em setembro. Nuccor, US Steel e Posco estariam também de olho na fábrica do Alabama. A CSN teria interesse nas duas.
O mercado avalia os dois ativos na faixa de US$ 4,5 bilhões. Do total, US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões seria o valor estimado para a CSA, com capacidade de produção de 5 milhões de toneladas de placas de aço instalada no Rio. E US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões seria o valor projetado para a unidade de produção de laminados erguida nos Estados Unidos, construída para processar placas da CSA.
Os valores estimados estão bem abaixo do que a Thyssen gastou nos projetos, cerca de US$ 10 bilhões. Só na CSA foram investidos US$ 7 bilhões. Do ponto de vista de uma fonte do setor de siderurgia, o grupo alemão não poderia ter escolhido pior momento para vender os ativos, com o mercado siderúrgico global em um momento de superoferta e preços baixos.
As expectativas do mercado brasileiro se concentram na atuação da CSN, único grupo nacional a entrar nessa briga. A perspectiva da CSA ser comprada por grupo estrangeiro não é do agrado do governo. A Vale, sócia minoritária na siderúrgica, já afirmou que não pretende adquirir a parte dos alemães. A CSN, segundo analistas, não dispõe de caixa para bancar sozinha o negócio. A saída seria a participação do BNDES para garantir que o complexo siderúrgico se mantenha em mãos do capital nacional.
Na semana passada, o site do SteelBusinessBriefing (SBB) confirmava matéria publicada no Valor em 28 de setembro de que a CSN estariam em conversas com o BNDES. A confirmação vinha de um executivo da CSN que preferiu o anonimato. "A companhia teve várias conversas com o BNDES mas nada fechado até agora", dizia a fonte do SBB. Mas o executivo não confirmava se a CSN havia oferecido as ações da Usiminas como garantia para um suporte financeiro do BNDES.
A CSN comprou ações da Usiminas no mercado e detém hoje 20,14% de ações preferenciais e 11,97% de ordinárias. Segundo interlocutores, a CSN não tem mais a pretensão de usar esses papéis para entrar como sócia da siderúrgica mineira. A empresa considera as ações como "ativos financeiros", podendo dispor deles para fechar negócios, revelou uma fonte. Como não tem bala na agulha para licitar sozinha os ativos da Thyssen, segundo analistas, incluindo a laminadora dos EUA, os papéis da Usiminas podem ser usados como moeda de troca num acerto com o BNDES para garantir recursos.
Fonte: Valor
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