O Conselho de Administração da Petrobras irá se reunir no próximo dia 22 para apreciar as demonstrações contábeis da empresa auditadas por auditores independentes, informou fato relevante divulgado pela estatal na noite desta segunda-feira (13).
Segundo o documento publicado na página da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), serão apreciados pelos conselheiros o balanço do terceiro trimestre de 2014 revisado pelos auditores e um relatório contábil do exercício de 2014 também auditado.
Ambas as publicações estão atrasadas em meio às investigações da operação Lava Jato sobre esquema de corrupção envolvendo a estatal.
Um dos fatores que atrasou a publicação foi a própria metodologia para calcular as perdas. O auditor independente PwC (PriceWaterhouseCoopers) negou-se assinar no ano passado o balanço do terceiro trimestre, que foi divulgado em janeiro sem o aval externo.
Em comunicado, a empresa diz esperar "divulgar essas demonstrações contábeis ao mercado" após decisão do Conselho.
O documento auditado deveria ter sido apresentado até 31 de março. Mas segue em atraso porque a empresa precisou submeter à SEC (reguladora do mercado de capitais dos EUA) os critérios para descontar do valor dos ativos a perda com corrupção, citada por delatores ouvidos na Operação Lava Jato.
O balanço precisará ser auditado e aprovado pela PwC antes de ser submetido ao conselho de administração da empresa. A proposta da Petrobras enviada para a aprovação da SEC leva em conta um desconto no valor dos ativos citados nas delações da Lava Jato de 3% -a porcentagem mais alta mencionada pelos acusados do esquema.
O ajuste no valor dos ativos só aparecerá de forma individualizada no caso dos que tenham sido postos à venda ou paralisados. A Folha apurou que o valor dos descontos deve aparecer nas notas explicativas do balanço.
As ações da Petrobras foram destaque de alta nesta segunda. As preferenciais, mais negociadas e sem direito a voto, subiram 3,81%, enquanto as ordinárias, com direito a voto, avançaram 4,99%, reagindo a notícias de que estatal poderá vender sua participação na petroquímica Braskem para fazer caixa, e também à perspectiva de divulgação do balanço auditado da estatal
NÃO AUDITADO
Em janeiro, a Petrobras divulgou, após dois adiamentos, o balanço com os resultados do empresa no terceiro trimestre de 2014. O valor, contudo, não contabilizou o dinheiro perdido em desvios investigados na Operação Lava Jato e nem a perda de valor recuperável de alguns de seus ativos por efeito do escândalo de corrupção.
Dos sete segmentos de negócio da Petrobras, seis tiveram prejuízo operacional. O ramo de Abastecimento da companhia registrou piora ante o segundo trimestre do ano, com perda de R$ 5,180 bilhões, contra R$ 3,883 bilhões no período anterior.
O ramo de Gás & Energia da estatal registrou no terceiro trimestre prejuízo de R$ 271 milhões, ante um lucro de R$ 702 milhões no segundo trimestre. No acumulado do ano, o segmento registrou um saldo positivo de R$ 946, ante R$ 1,262 bilhão em 2013.
Já o ramo de biocombustíveis ampliou as perdas de R$ 66 milhões no segundo trimestre para R$ 89 milhões no período subsequente.
O segmento de Exploração & Produção foi o único a registrar saldo positivo, com lucro líquido de R$ 10,131 bilhões. O resultado, no entanto, é 6% menor do que o registrado no trimestre anterior, de R$ 10,793 bilhões. No ano, o segmento registra lucro líquido de R$ 31,578 bilhões
A empresa atribuiu a queda do lucro no 3º trimestre às "maiores despesas operacionais, principalmente pela baixa dos valores relacionados à construção das refinarias Premium I e Premium II [no Maranhão e no Ceará]", estimadas em R$ 2,7 bilhões.
Fonte: Folha de São Paulo/REUTERS
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