Considerado um indicador para mensurar o ritmo da demanda e que mede a produção interna mais importações e exclui exportações, o consumo aparente de aço deve fechar o ano com queda de 16,2%, para 17,9 milhões de tonelada, e voltar aos patamares de 2009, segundo projeções do Instituto Aço Brasil. Em sintonia com a percepção de mercado de que a economia brasileira pode demorar mais que o esperado para começar a se recuperar, a entidade reviu para baixo as suas estimativas para 2016, que apontavam para um recuo de 7,1% nas vendas, embora mantenha uma expectativa de crescimento para o ano que vem.
Segundo o IABr, as vendas internas de produtos siderúrgicos devem cair 10,1%, para 16,3 milhões de toneladas, contra a expectativa inicial de baixa de 7,1%. A produção brasileira de aço bruto, por sua vez, deve fechar 2016 com queda de 7,6%, contra a retração de 4,3% inicialmente estimada pela instituição que prevê um volume produzido, no ano, de 30,7 milhões de toneladas, o menor volume desde 2009.
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O presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Alexandre Lyra, destacou, no entanto, que o mercado dá sinais de que já atingiu o fim do poço. Segundo ele, contudo, ainda não é possível se falar em recuperação robusta, em direção a uma trajetória de crescimento mais vigoroso da indústria.
"As vendas internas começaram o ano caindo 26% em janeiro [na comparação com janeiro de 2015], mas essa queda tem diminuído mês a mês. No acumulado do ano a queda é de 11,1%. Isso traz uma mensagem positiva. Daí a se falar em retomada em crescimento... há um belo caminho pela frente", disse, ontem, o executivo.
Para 2017, a expectativa do Instituto Aço Brasil é que o consumo aparente cresça 3,5%, enquanto as vendas devem subir 3,6% a entidade não trabalha com projeções para a produção e estima um crescimento de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB), em 2017.
De acordo com o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, o aumento do mercado, previsto para o ano que vem, reflete também a base fraca deste ano que deve atingir os patamares de 2009 no consumo e produção.
O executivo, no entanto, destaca que o poder de reação da indústria é muito rápido. Segundo ele, a recuperação da indústria siderúrgica, no Brasil, poderia ser alavancada pelas exportações.
"O setor não enxerga a retomada do mercado interno no curto prazo, 2017. Qualquer coisa que se faça em termos de inversão em 2017 não será suficiente na intensidade necessária para que se reverta essa situação aí apresentada", disse. Não há solução [para retomada do setor] dentro do mercado interno. A solução é exportar. Temos capacidade para isso", disse.
O Instituto Aço Brasil defende que as exportações poderiam ser sustentadas pelo aumento da alíquota do Reintegra para 5% hoje a alíquota é de 0,1%. Na avaliação da entidade, o programa do governo federal de ressarcimento do resíduo tributário na exportação poderia compensar a não competitividade do aço brasileiro frente a outros países.
Um estudo encomendado pelo Aço Brasil, em conjunto com outras oito associações de setores exportadores, reunidas no âmbito da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), mostra que se a indústria brasileira aumentasse em 10% as exportações, haveria um aumento de US$ 15 bilhões no ganho total para a economia, dos US$ 155 bilhões do ano passado para US$ 170 bilhões.
O IABr destaca, no entanto, que, com a falta de competitividade da indústria brasileira do aço, hoje, as exportações estão em queda. A previsão do instituto é que o Brasil feche o ano com queda de 3,7% nos embarques de aço para o exterior. Ao todo, as exportações devem totalizar 13,2 milhões de toneladas e gerar receitas de US$ 5,5 bilhões este ano, ante os US$ 6,6 bilhões de 2015.
Fonte: Valor Econômico/André Ramalho