O consumo aparente de aço engatou seu segundo aumento mensal consecutivo em junho, mostram dados publicados pelo Instituto Aço Brasil. A soma de produtos nacionais e importados colocados no mercado brasileiro chegou a 1,58 milhão de toneladas, alta de 2,9% sobre maio, mas ainda com forte recuo de 12,6% na relação com junho de 2015.
O movimento levanta a possibilidade de o "fundo do poço" na demanda siderúrgica do país já ter sido atingido, após a crise econômica e a retração do consumo e da construção. O mês também foi de ganho de mercado doméstico para as usinas locais, dado que a proporção dos importados atingiu no consumo caiu para 5,8%, menor patamar desta década.
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De acordo com os números, a produção de aço bruto totalizou 2,54 milhões de toneladas no mês passado. O corte em comparação anual foi de 8,5% e na relação com maio, de 1,9%. Dessa quantidade, 1,49 milhão de toneladas tiveram como destino o próprio mercado interno, crescimento de 0,7% sobre junho de 2015 e alta de 8,8% na comparação com o mês anterior.
Desde maio que as vendas internas das siderúrgicas não eram tão fortes. Foram 815,2 mil toneladas de laminados planos e mais 639,4 mil toneladas de laminados longos - em ambos os casos um aumento em qualquer comparação. As empresas ainda exportaram 1,1 milhão de toneladas no período, queda de 21,3% frente a junho do ano passado e de 10,2% em um mês.
No caso das importações, o volume voltou a minguar e chegou perto do pior nível da década: 88,2 mil toneladas em fevereiro. Em junho, foram compradas 92,4 mil toneladas de aço importado, recuo de 72% em comparação anual e de 45,2% de um mês para o outro. A participação desses produtos estrangeiros no consumo aparente, de 5,8%, não era tão baixa pelo menos desde 2009, série histórica que é disponibilizada pelo Aço Brasil.
Além do câmbio, a pouca demanda, aliada a dificuldades na obtenção de crédito, impedem importadoras de fecharem negócios relevantes. Com isso, usinas brasileiras estão retomando mercado. A média da participação dos importados na demanda é de 8,3%, muito baixa perto dos cerca de 15% históricos.
Com esse desempenho o mercado nacional fechou o primeiro semestre com um consumo de 9 milhões de toneladas, recuo de 23,7% sobre o mesmo período de 2015. As vendas internas somaram 8,22 milhões de toneladas, baixa de 15,5% na mesma comparação, e as importações caíram 64,2%, para 741,3 mil toneladas.
A produção no semestre foi de 14,87 milhões de toneladas de aço bruto, diminuição de 13% sobre a mesma base de comparação, e as vendas das usinas ao exterior foram de 6,15 milhões de toneladas, aumento de 7,2%. Neste ano, as companhias siderúrgicas já destinaram 42% de sua produção para exportações.
Por outro lado, com a recuperação - ou estabilização - apenas se iniciando, os números dos 12 meses até junho ainda são negativos. O consumo aparente, por exemplo, chega a 18,56 milhões de toneladas, nível tão baixo quanto a demanda de 2006. A participação do importado também perde força (10,1%), o que ajuda siderúrgicas locais a recuperarem mercado.
Fonte: Valor Economico/Renato Rostás | De São Paulo