O presidente da Copel, Daniel Slaviero, afirmou nesta terça-feira que a compra do complexo eólico Vilas, anunciada na noite da última segunda-feira, representa a materialização da estratégia da companhia de aumentar seu portfólio de geração renovável e de mitigar a exposição ao risco hidrológico de suas hidrelétricas.
A estatal paranaense assinou um contrato para aquisição de 100% do complexo eólico Vilas, localizado em Serra do Mel (RN), com 186,7 megawatts (MW) de capacidade instalada. A transação soma R$ 1,059 bilhão e tem fechamento previsto para 30 de novembro. Pertencente à Voltalia, o empreendimento já está praticamente operacional.
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“Não estamos falando de um negócio transformacional para a Copel, é ‘business as usual’, mas representa a materialização da estratégia que vínhamos falando nos últimos meses. Nosso ‘core business’ é energia elétrica, estamos num processo de desinvestimentos de ativos que não tem relação com o setor”, disse o executivo, durante teleconferência para comentar a transação.
Slaviero destacou ainda que o ativo cumpre todos os requisitos da política de investimentos anunciada recentemente pela companhia. A Copel tem buscado crescer seu parque gerador com ativos de geração renováveis e tem preferência por empreendimentos “brownfield” (já operacionais), de porte médio, e localizados em regiões onde já esteja instalada — o Rio Grande do Norte é o segundo maior “polo” da Copel, depois do Paraná.
Com a aquisição, a capacidade instalada de geração eólica da elétrica aumentará em 29%, com a mesma estrutura de gestão operacional.
A compra do complexo eólico terá impacto limitado sobre a alavancagem consolidada da Copel, de aproximadamente 0,2 vez. “Vamos continuar com alavancagem baixa, mas seguindo a meta na direção certa, de atingir 2,7 vezes”, afirmou Adriano Rudek de Moura, diretor de finanças e de relações com investidores da Copel,
Para melhorar sua estrutura de capital, a Copel busca elevar sua alavancagem para o patamar de 2,7 vezes. No fim do primeiro trimestre, o índice atingiu 1,2 vez a relação dívida líquida sobre Ebitda. “Estamos convictos de que os retornos [do projeto] ficarão bem acima do custo de capital. E há outros ‘upsides’ que a companhia buscará para melhorar o retorno dos ativos”, comentou Moura.
Sobre sinergias operacionais, a elétrica paranaense estima uma diluição de custos fixos de cerca de R$ 3 milhões por ano com a aquisição.
Ampliação do complexo eólico
A Copel vê a possibilidade de ampliar o complexo eólico Vilas com a instalação de parques híbridos, agregando a geração solar.
“No nosso modelo de aquisição, já mapeamos uma potencial ampliação para parques híbridos, para um parque solar também. Dentro da modelagem, consideramos a instalação de estações de medição solar para que, no futuro, possamos desenvolver um parque híbrido”, disse o diretor de desenvolvimento de negócios da elétrica, Cassio Santana da Silva.
O complexo eólico Vilas tem parte de sua energia contratada no mercado regulado e outra parte no mercado livre, restando ainda 13% de energia disponível para novos contratos. Quem fará a gestão da energia descontratada do complexo será a Copel Geração e Transmissão.
“Pela localização do projeto, ele tem maior geração no horário de pico, no momento em que a carga está alta, então é bastante atrativo nesse sentido”, acrescentou Santana.
Fonte: Valor