Analistas avaliam que Banco Central deixou certa alta de juros em abril
O Comitê de Política Monetária (Copom) avalia, na ata da reunião de março divulgada na quinta-feira, que "aumentaram os riscos para a concretização de um cenário inflacionário benigno". A afirmação é feita diante "dos sinais de robustez da demanda doméstica", o que tem gerado redução da ociosidade da economia - fato evidenciado pela evolução dos indicadores de utilização da capacidade na indústria e do mercado de trabalho.
Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, a ata deixou ainda mais claro que o Banco Central elevará a taxa básica de juros em abril, mas ficou em aberto para o mercado o tamanho deste ajuste.
A diminuição da ociosidade da indústria, somada ao comportamento recente das expectativas de inflação, levaram o BC a afirmar que os riscos para a trajetória das metas cresceram em relação a janeiro. "Nesse ambiente, cabe à política monetária manter-se especialmente vigilante para evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos."
Os diretores do Copom afirmam que as perspectivas positivas para a evolução da atividade econômica nos próximos meses têm elevado a confiança dos consumidores e dos empresários que "se encontra em níveis historicamente elevados". O otimismo na economia, avalia o Copom, é sustentado por diversos indicadores, como "comércio, utilização da capacidade na indústria e sobre o mercado de trabalho, bem como pelos sinais de continuidade da expansão da oferta de crédito, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas".
A ata reafirma que o colegiado continua trabalhando para o cumprimento da meta de inflação e defende que "eventuais desvios em relação à trajetória de metas sejam prontamente corrigidos". O documento também avalia que os efeitos negativos da crise financeira mundial já foram superados. O cenário permite ao BC afirmar que "a economia já se encontra em um ciclo de expansão, ainda que persista incerteza, que deverá ser dirimida ao longo do tempo, sobre o ritmo desse processo". Dessa forma, a autoridade monetária admite que a atividade está em crescimento, mas não há clareza quanto ao ritmo dessa expansão.
O Copom afirma ainda que, desde a reunião de janeiro do Comitê, "as maiores tensões na economia internacional advêm dos riscos relativos à deterioração fiscal, em especial na Europa".
CMN mantém juros de longo prazo a 6% ao ano
O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) estável em 6% ao ano. A taxa está nesse patamar desde julho de 2009. A decisão vale para o segundo trimestre do ano, até 30 de junho. Antes de julho de 2009, a TJLP ficou, por dois anos, em 6,25%. A fórmula para estabelecer a TJLP leva em conta a expectativa de inflação para os próximos 12 meses e o risco-país do Brasil. A taxa é aplicada a contratos do Bndes junto ao Fundo de Amparo ao Trabalhador, ao PIS-Pasep e ao Fundo de Marinha Mercante, além de outros casos autorizados pelo CMN. Fundo de pensão
O CMN também definiu que todo fundo de pensão que tem participação em Sociedade de Propósito Específico (SPE) poderá conceder garantias nos financiamentos tomados. Até então era vedada a prática aos fundos de pensão, pois a concessão de garantia é uma atividade financeira. Havia o temor de que os fundos de pensão atuassem como instituição financeira, vendendo garantias no mercado.
Além disso, o CMN desobrigou instituições específicas de pequeno porte de manterem ouvidoria própria para atender a seus clientes. Entre as instituições beneficiadas pela decisão estão cooperativas de crédito, distribuidoras de crédito e sociedades de crédito de pequeno porte. Os ajustes não deverão alterar o relacionamento com os clientes, já que as instituições de pequeno porte, de acordo com suas condições - definidas pelo Banco Central -, poderão se associar a outras, ou criar convênios, por exemplo, para manter o serviço.
Fonte: Jornal do Commercio
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