A paralisação de fábricas de componentes eletrônicos na China por causa da epidemia de coronavírus já causou efeitos na produção da indústria brasileira. De acordo com sondagem da Abinee, associação brasileira de fabricantes de produtos eletroeletrônicos como celulares e tevês, 52% já tiveram algum problema no recebimento de materiais vindos do país.
Realizada nesta quarta-feira com representantes de 50 indústrias associadas à Abinee, a sondagem mostra que 22% delas aguardam paralisações das atividades nas próximas semanas por falta de materiais.
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Mesmo as indústrias ainda com estoques altos estão receosas com o risco de desabastecimento. A avaliação do setor é que, se a situação na China não se normalizar em 20 dias, será muito difícil manter o mesmo ritmo de atividade nos próximos meses.
A China responde por 42% dos componentes eletrônicos importados pelas indústrias brasileiras do setor. É o suficiente para um volume anual de US$ 7,5 bilhões de compras no país asiático, que é a principal origem de insumos para a indústria brasileira.
— Estamos muito preocupados com os impactos na produção do setor e continuamos avaliando a situação de perto — diz Humberto Barbato, presidente da Abinee.
Montadoras acompanham '24 horas'
Já Anfavea, associação brasileira da indústria automotiva, acompanha “24 horas por dia" os efeitos da epidemia de coronavírus na China sobre a cadeia produtiva de autopeças.
Wuhan, metrópole de 11 milhões de habitantes que é o epicentro da doença, é considerada a “Detroit chinesa” pela concentração de montadoras.
Por lá estão unidades da francesa Renault, a japonesa Nissan, além de milhares de fornecedores de componentes para veículos exportados para fábricas mundo afora — inclusive ao Brasil.
Apesar da epidemia ter interrompido a operação em fábricas não apenas em Wuhan, mas em boa parte da China, por ora não há risco de desabastecimento de peças nas montadoras brasileiras.
Na terça-feira, a Hyundai, maior montadora da Coreia do Sul, interrompeu a produção em uma de suas linhas de montagem no país asiático. O motivo é a falta de peças devido ao novo coronavírus na China. A empresa sul-coreana não descarta tomar outras medidas.
Fonte: O Globo