SÃO PAULO - A indústria de bens de capital comemora o crescimento das ações públicas de fomento, que deverão preparar a indústria para o crescimento do País. O setor que terá acesso a um volume de R$ 80 bilhões em financiamentos, só por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Empresas como a Indústrias Romi, que pode crescer 15% ainda este ano, recuperando as perdas de 2009, e a Metalúrgica Atlas, do grupo Votorantim, confirmam a tendência de reaquecimento
Prova da recuperação setorial foi o faturamento de mais de R$ 16 bilhões nos primeiros três meses de 2010, que representou um salto de 20% no setor de máquinas e equipamentos, na comparação com o mesmo período do ano passado. A meta é atingir R$ 9 bilhões de investimento até o final do ano, R$ 1,5 bilhões a mais do que em 2009, permitindo ao setor um desempenho próximo ao aquecido ano de 2008, período pré-crise. "O PSI foi fundamental desde sua primeira etapa para impulsionar a recuperação do mercado", comentou Hermes Lago, diretor de comercialização de máquinas da Romi. Ele contou que boa parte dos clientes recorre a esse tipo de crédito para adquirir bens de capital.
Lago disse que setores como o de infraestrutura também devem impulsionar a demanda, por isso a empresa lança máquinas destinadas à usinagem de peças de grande porte. A melhora do cenário fez a Romi aplicar R$ 45 milhões para finalizar projetos cujo ritmo foi retardado pela turbulência econômica. "Estamos retomando os aportes gradativamente", falou.
A Romi, que é especializada em máquinas-ferramenta e máquinas para processamento de plástico, viu um lucro de R$ 10 milhões no primeiro trimestre deste ano, resultado melhor do que o prejuízo de R$ 7,8 milhões do mesmo período de 2009, desempenho que deve ser crescente.
Outra empresa que vê melhora do desempenho do setor é a Metalúrgica Atlas, da Votorantim. Ela acaba de investir R$ 4 milhões em um torno de 50 toneladas que vai permitir o aumento da capacidade usinagem de peças.
"Estes financiamentos estão ajudando os clientes", afirmou Paulo R. Pisauro, diretor presidente da Atlas. Ele concorda com que o aquecimento ocorre por causa da onda de incentivos, mas diz que o cenário econômico favorece o mercado interno, e lembrou que a metalúrgica inicia operações voltadas ao setor eólico, mais uma das oportunidades em desenvolvimento no País.
A demanda doméstica é responsável por mais de 85% dos trabalhos feitos pela Atlas, que prevê um aumento perto dos 10% em 2010, devendo atingir os patamares de desempenho de 2008.
A expectativa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) é de que os R$ 80 bilhões comecem a ser liberados na metade do ano, havendo ainda, para agora, uma fatia disponível dos R$ 51 bilhões anunciados pelo BNDES para o PSI em 2009, pois, destes, foi desembolsado até agora, um volume próximo de R$ 30 bilhões.
"Tivemos conversas com o governo e foi garantido que não faltará dinheiro para o setor", revelou Lourival Franklin Jr, diretor da Abimaq. Ele contou que setores como o de máquinas agrícolas, do plástico, a produção têxtil e a área gráfica, estão entre os que mais acessam essas linhas.
Pequenas e médias
Em São Paulo, a agência estadual de fomento Nossa Caixa Desenvolvimento, opera linhas de crédito diferenciadas, com a perspectiva de desembolsar R$ 1 bilhão em 2010. Criada há pouco mais de um ano, a instituição beneficia pequenas e médias empresas. "O setor de bens de capital foi um dos primeiros que escolhemos, por ter sofrido mais com a crise", disse Milton L. Santos, diretor presidente da agência paulista, lembrando que a ascensão deste segmento sinaliza a recuperação da indústria no País. A Power Transmission Industries do Brasil (PTI) obteve R$ 8 milhões junto ao órgão. "A linha da Nossa Caixa é a melhor disponível no mercado a empresas em desenvolvimento", disse José Velozo, diretor da empresa. Ele disse que esta é opção mais barata para as empresas menores.
Fonte: DCI/Fabíola Binas
PUBLICIDADE