Produção de ferro-gusa tornou-se um negócio em crise, que arrasta em suas incertezas as 64 usinas de Minas Gerais, o maior produtor do país, com 60% da oferta nacional. Em grande parte elas são dependentes do mercado externo, em especial dos EUA e da Europa. Além disso, o mundo passou a ter excesso de aço, o que enfraqueceu ainda mais a demanda por gusa - o primeiro estágio na transformação do minério de ferro.
Com os preços do minério de ferro e do carvão nas alturas - muito em função da demanda chinesa -, as margens de ganho dos produtores despencou. "É um setor que está agonizando", diz Sebastião Maciel, porta-voz da Itasider, siderúrgica de gusa de Sete Lagoas. O ferro-gusa impulsionou a industrialização da cidade e tornou-se a força vital de sua economia. "Desde a crise, todos os cinco fornos das usinas estão abafados. Não vale a pena, você paga para produzir". Dos cerca de 800 funcionários, sobraram algumas dezenas. Dos 50 mil trabalhadores do setor em Minas, restam pouco menos da metade.
Em setembro, veio a primeira boa notícia em anos: o dólar voltou a se valorizar. "Nos últimos três anos trabalhamos com rentabilidade zero ou prejuízo", diz Antonio Pontes, do grupo Calsete, que vende 85% de sua produção para os EUA. "Do mês passado para cá, passamos a ter rentabilidade de 8%".
Fonte: Valor Econômico/Por Marcos de Moura e Souza | De Sete Lagoas e Belo Horizonte
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