As companhias de cruzeiros do Brasil decidiram prorrogar até 18 de fevereiro a suspensão da atual temporada no país. A informação foi divulgada nessa segunda-feira (31) pela Clia Brasil, braço da associação internacional que representa grupos como MSC e Costa.
Esta é a segunda vez que o setor amplia o período da suspensão — a primeira tinha prazo até 21 de janeiro. Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedir ao governo, no último dia 12, que a atual temporada fosse encerrada definitivamente diante dos novos casos, as empresas haviam ampliado a suspensão para o dia 4 deste mês.
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“A decisão (de ampliar novamente a suspensão até o dia 18) tem o objetivo de analisar a evolução do quadro epidemiológico do país e, também, de dar continuidade às discussões necessárias com as autoridades competentes nacionais, estaduais e municipais para a retomada da temporada”, apontou a Clia Brasil, em nota.
A associação disse que, para a volta dos cruzeiros, de acordo com a Portaria Interministerial número 666, publicada em 20 de janeiro de 2022, é necessário que todos os Estados e municípios que recebem as embarcações estejam de acordo com o retorno das operações, a fim de atender os trâmites e exigências dos protocolos de segurança estabelecidos pela Anvisa.
A Clia Brasil defendeu ainda que a alta taxa de vacinação exigida a bordo levou a uma menor incidência de covid-19 grave nos navios do que em terra, e as hospitalizações seriam raras. “De um total de aproximadamente 130 mil passageiros transportados, entre 5 de novembro e 3 de janeiro de 2021, cerca de 1.100 casos foram confirmados, o que representa menos de 1% do total das pessoas atendidas (incluindo hóspedes e tripulantes)”, disse a Clia Brasil.
A preocupação das autoridades sanitárias, entretanto, tem sido a escalada das internações e os impactos sobre o sistema de saúde — como aumento no número de internações e desafios no fornecimento de testes para o vírus.
A Clia Brasil disse ainda que os seus membros continuarão a trabalhar em conjunto com as autoridades. Os cinco navios da temporada estão ancorados no litoral de Santos.
Cruzeiros tiveram suas operações suspensas no Brasil em 19 de março de 2020, diante do agravamento da pandemia. Naquela época, diversas embarcações fizeram quarentena na costa brasileira após relatos de infectados, sobretudo em navios cargueiros.
Em outubro de 2021, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 2.928/20 que autorizou viagens de cruzeiros a partir de novembro, com a adoção de procedimentos de segurança. A recente disparada nos casos de covid-19, entretanto, levou a uma nova suspensão — voluntária por parte das empresas.
Para a temporada 2021/22, o setor estimava transportar 360 mil turistas. Em 2019/20, foram 470 mil. Desde novembro passado, os navios eram obrigados a respeitar uma taxa de ocupação de até 75%.
O cenário para a atual temporada, agora, está incerto. A estimativa anterior era movimentar R$ 1,7 bilhão, além da geração de 24 mil empregos. Segundo projeção da Clia Brasil feita junto com a FGV, cada navio gera em torno de R$ 350 milhões de impacto para a economia brasileira. A cada 13 turistas em um cruzeiro, um emprego é gerado.
Antes da crise sanitária, o mercado de cruzeiros no Brasil estava começando a ganhar tração depois do seu ápice, na temporada 2010/11, quando 20 navios operaram por aqui (contra cinco nesta, embora os navios de hoje sejam maiores), transportando cerca de 800 mil turistas. As operadoras de navios acabaram indo a outros mercados, como Chile e países asiáticos.
Fonte: Valor