São Paulo - A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) ampliou a sua presença global ao anunciar a compra, na semana passada, de uma grande empresa espanhola. A produtora de aços planos divulgou que a subsidiária CSN Steel, localizada na Espanha, adquiriu a totalidade das ações de fabricantes de aços longos e cimento do Grupo AG (Grupo Alfonso Gallardo) por 543 milhões de euros e assumirá uma dívida de 403 milhões de euros, com possíveis reajustes posteriores ao fechamento do negócio.
"A Transação concorrerá para o fortalecimento da CSN nos segmentos de cimento e aços longos, reforçando o portfólio de projetos de classe mundial, composto por reservas minerais e ativos de alta qualidade", declarou a companhia em nota oficial.
A compra já havia sido informada no dia nove de dezembro de 2010. No entanto, o valor que a CSN, presidida por Benjamin Steinbruch , pagaria pelas empresas Cementos Balboa S.A., Corrugados Azpeitia e Corrugados Lasao não havia sido apresentado.
De acordo com o analista e professor de ambiente econômico global da Ibmeq-MG Felipe Leroy, a postura de aumentar ativos da CSN é uma estratégia para alavancá-la ao conferir uma impressão de empresa consolidada, pois expande o domínio de mercado constantemente. "Ela se beneficia do mercado de capitais e garante a confiança de acionistas que acreditam na valorização futura dos papéis da companhia."
A CSN havia se capitalizado ao vender a totalidade de ações, 19,9%, que mantinha na mineradora australiana Riversdale para a empresa Rio Tinto. A negociação da fatia que possuía na produtora de carvão estrangeira registrou a receita de US$ 830,13 milhões. A companhia também fez um empréstimo de R$ 1,5 bilhão com o Banco do Brasil.
Segundo o raciocínio do analista, ao demonstrar caixa forte a CSN aprimora a imagem perante investidores e deixa as rivais de canto. "A CSN cresceu vertiginosamente nos últimos cinco anos, multiplicou em 15 vezes o valor no mercado". A Vale multiplicou o valor em 12 vezes no mesmo período, enquanto que a Usiminas ampliou-se em oito vezes.
Para o analista da SLW Consultoria Pedro Galdi, a compra é mais uma oportunidade do que um grande negócio, uma vez que a Europa está em crise. "É provável que o valor acertado tenha sido um preço de ocasião de uma empresa em situação financeira complicada", opinou ele. Na avaliação do analista, a aquisição é estrategicamente positiva, pois possibilita a internacionalização do negócio de cimento. As fabricantes podem operar em plena capacidade e caso a Europa não consuma o que for produzido, o excedente pode ser exportado para o Brasil.
Galdi acredita que a compra de ativos é uma tendência que pode continuar a toda se as ofertas de ações continuarem surgindo na Europa e que inclusive outras siderúrgicas, como a Vale e a Gerdau, podem fazer o mesmo. "Se o fizerem, que façam com cautela porque ainda há sequelas da crise econômica", ponderou.
Para Galdi, a CSN só vem sofrendo menos com a ressaca da crise, que ainda exerce influências no clico atual da siderurgia, porque, diferentemente da Usiminas, produz o próprio minério de ferro e vem investindo ainda mais no commodity. "A siderúrgica possui as minas de minério de ferro Casa de Pedra e Namisa [ambas localizadas em Minas Gerais] e atualmente 30% do faturamento da CSN é proveniente da comercialização do insumo", acrescentou. A vantagem da empresa é ser autossuficiente e não depender de concorrentes como a Vale para se abastecer. Fato que ocorre com a Usiminas.
Recentemente, as siderúrgicas nacionais divulgaram balanço trimestral, e as principais do País apresentaram resultados negativos em decorrência do aumento dos custos de matéria prima, entrada do aço estrangeiro - mais barato que o nacional -, descontos concedidos para o mercado interno e dólar desvalorizado.
Há ainda o excedente de aço mundial, que hoje beira 600 mil toneladas, que agrava a situação dos fabricantes.
A Balboa é uma produtora de cimento e clínquer localizada na região da Extremadura, na Espanha. Sua planta tem capacidade anual instalada de produção de 1,4 milhão de toneladas de cimento e 1,1 milhão de toneladas de clínquer. A companhia possui uma mina de calcário e ardósia própria, localizada a 5 km de distância da planta.
Azpeitia e Lasao são unidades produtoras de aços longos localizadas no País Basco. Azpeitia é especializada na produção de vergalhões e tem capacidade instalada de produção de 1,1 milhão de toneladas de aço ao ano. Lasao, por sua vez, é uma produtora de telas eletrossoldadas, com uma capacidade instalada de produção anual de 200.000 toneladas.
SWT é uma produtora de aços longos localizada em Unterwellenborn, Alemanha. SWT é especializada na produção de perfis e tem capacidade instalada de produção de 1,1 milhão de toneladas de aço/ano.
Fonte: DCI/Caio Luizagências
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