A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi obrigada a amargar uma derrota ontem, ao ver fracassar sua intenção de adquirir as ações da Cimentos Portugueses (Cimpor). O insucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) não surpreendeu o mercado, que já não acreditava num resultado positivo da negociação. Até o final da tarde de segunda-feira, a CSN havia recebido intenções de venda por parte de acionistas representativos de apenas 8,56% do capital da Cimpor, não atingindo o patamar mínimo de pelo menos um terço do capital da empresa-alvo mais uma ação, que era seu objetivo.
Desde o dia 18 de dezembro do ano passado a CSN - novata no mercado de cimentos - tentava comprar parte da Cimpor, maior empresa do setor de Portugal e terceira maior do Brasil. A oferta despertou o interesse das também brasileiras Camargo Corrêa e Votorantim, que agiram rápido e conseguiram comprar boa parte das ações da cimenteira portuguesa e pelo menos, por ora, conseguiram travar a entrada da CSN nos ativos da empresa. O certo é que a siderúrgica não comprou qualquer ação e confirmou ontem o resultado da OPA em nota à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Tamanho interesse pela Cimpor tem ligação direta com a alta na demanda por cimento que o Brasil deve registrar com o boom no setor de construção civil nos próximos anos por conta dos projetos de infraestrutura e pela realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.
nova organização. Com a CSN fora da disputa, a estrutura da Cimpor fica da seguinte maneira: Camargo Corrêa com 31%; Votorantim, maior produtora de cimento do Brasil, com 21,2% mais o acordo com o banco português Caixa Geral de Depósitos (CGD), que detém 9,6% da cimenteira; o empresário Manuel Fino, com 10,7%; e o fundo de pensões do Millennium BCP, com 10%. As demais ações da cimenteira em circulação no mercado representam menos de 20% do total.
CADE. No início da semana passada a CSN recorreu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para tentar suspender no Brasil os efeitos dos acordos acionários acertados por Votorantim e Camargo Corrêa sobre a Cimpor. A siderúrgica alega que junto ao Cade que a união da Votorantim com a Cimpor no mercado brasileiro implicaria "concentrações graves" entre 60% e 80%, sobretudo no Nordeste, Centro-Oeste e Sul do País.
A Secretaria de Direito Econômico (SDE) recomendou ao Cade medida cautelar para evitar mudanças no setor de cimento brasileiro ao identificar potencial grave de lesão à concorrência no País. A SDE ainda investiga suposta formação de cartel na indústria de cimento brasileira. Segundo analistas a luta pela Cimpor acabou de começar e isto não significa uma trégua. Aparentemente, a Votorantim e a Camargo conseguiram, por ora, afastar a CSN. Procurada, a direção da siderúrgica não quis comentar o assunto.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/MARCIO ALLEMAND/com agências)
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