Apesar da queda no lucro líquido no ano passado, o clima na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é de otimismo em relação ao mercado neste ano. De acordo com o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, haverá retomada no consumo de aço e o cenário será "sensacional", com expansão do mercado interno, aumento na demanda por minério de ferro e recuperação do preço do aço no mercado internacional.
"O cenário de oferta e demanda de aço está muito favorável este ano. Tudo conspira a favor. A demanda está boa, o nível de importação de aço deve cair, os custos de matéria-prima, como coque e minério, subiram muito e imaginanos que no segundo trimestre deve haver algum realinhamento de preços", disse Martinez.
A CSN encerrou 2009 com lucro líquido de R$ 2,59 bilhões, queda de 55,1% em relação aos R$ 5,77 bilhões do ano anterior. Mesmo com a retração, motivada pelo arrefecimento na demanda por aço após o agravamento da crise internacional, o resultado ficou acima da expectativa do mercado, como também ocorreu com a Gerdau e a Usiminas, que divulgaram seus números na quinta-feira. No quarto trimestre, o lucro foi a R$ 745,4 milhões, 81% abaixo dos R$ 3,93 bilhões de igual período de 2008.
vendas. A receita bruta de vendas totalizou R$ 14,05 bilhões em 2009, recuo de 21,3% ante os R$ 17,86 bilhões do exercício anterior. De outubro a dezembro, o faturamento foi de R$ 3,85 bilhões, montante 8,7% menor que os R$ 4,22 bilhões dos três últimos meses de 2008.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que mede a geração de caixa da companhia, somou R$ 3,606 bilhões no ano passado, queda de 37,5% em relação aos R$ 5,77 bilhões de 2008. No quarto trimestre, a siderúrgica registrou Ebitda de R$ 1,203 bilhão, contra R$ 1,47 bilhão de igual período do ano passado - redução de 18,1%.
Em 2009, tanto a produção de aço bruto como a de laminados foram afetadas pela retração econômica do início do ano. Mesmo com a recuperação iniciada a partir do segundo semestre, a produção de aço bruto da CSN em 2009 atingiu 4.371 toneladas, 12% inferior às 4.985 toneladas produzidas em 2008. Já a produção de laminados totalizou 4.109 mil toneladas em 2009, uma redução de 9% em relação às 4.520 toneladas produzidas em 2008.
No último trimestre de 2009, a produção de aço bruto da Usina Presidente Vargas atingiu 1.238 toneladas, um crescimento de 5% em relação às 1.177 toneladas produzidas no trimestre imediatamente anterior, refletindo o retorno aos níveis históricos de produção. Já a produção total de laminados, de 1.192 toneladas, foi direcionada para produtos de maior valor agregado, como galvanizados e folhas metálicas.
MERCADO INTERNO. Segundo Martinez, o primeiro trimestre no mercado interno ainda está pressionado por importações de aço que se aproveitam do câmbio favorável e do excesso de oferta internacional. A expectativa da CSN, contudo, é de que a partir do segundo trimestre as importações recuem em virtude de esperados aumentos de preços nos mercados externos.
De acordo com o executivo, os preços da bobina a quente no mercado interno estão 3% a 8% maiores que no externo, enquanto no caso de laminados a frio a diferença é de 4%, e em aços zincados é de 10% a 12%. Antes da crise internacional, segundo ele, os prêmios chegaram a ser de mais de 25%.
A companhia tem meta de vender 5,5 milhões de toneladas de aço este ano, dos quais 85% no mercado interno. Em 2009, as vendas foram de 4,11 milhões de toneladas, com 79% desse volume no Brasil. Em minério de ferro, a empresa manteve meta de exportar 37 milhões de toneladas da commodity em 2010, após vendas de 21,8 milhões em 2009.
O diretor de mineração da CSN, Jaime Nicolato, afirmou que a empresa tem feito vendas de minério de ferro a preços provisórios maiores, negociando valores com cada cliente. "O mercado de minério de ferro hoje está operando com o preço de referência (benchmark) 100% abaixo do preço do mercado à vista (spot) praticado na China logo após o feriado lunar. Obviamente, isso é insustentável e nós temos conversado sobre preço provisório e temos feito vendas fora de contrato já com aumento de preço. O mercado está realmente muito demandado", disse Nicolato.
Sobre a separação da unidade de minério de ferro da CSN, o vice-presidente de Finanças da companhia, Paulo Penido, não divulgou quando a operação vai começar a funcionar de forma independente e informou que o Conselho de Administração ainda avalia as opções da unidade, incluindo uma eventual oferta de ações ou parceria.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/DANIEL CÚRIO)
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