A siderúrgica CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, precisará vender pelo menos R$ 4 bilhões em ativos nos próximos dois anos para abater dívidas e melhorar sua situação financeira.
Com R$ 31 bilhões em dívidas, a CSN tinha somente R$ 7,8 bilhões em caixa ao fim do primeiro semestre e precisará pagar R$ 7,4 bilhões a credores até o fim de 2016.
A avaliação é da agência de risco Fitch Ratings, que cortou a nota de crédito da siderúrgica nesta segunda (21) em dois degraus. A dívida da CSN já estava na categoria de "grau especulativo". A empresa não quis comentar.
Com dificuldade para pagar suas dívidas, a empresa começou a renegociar empréstimos com bancos nacionais, para ganhar prazo.
A Caixa Econômica Federal já aceitou o alongamento de uma dívida de R$ 2,6 bilhão, que começaria a vencer no ano que vem.
A CSN também negocia o adiamento de mais R$ 2,6 bilhões com o Banco do Brasil. A empresa ainda precisará reestruturar empréstimos menores, com bancos como como Santander e Bradesco.
VENDEDOR
Nos últimos anos Steinbruch participou de disputas bilionárias pela compra de siderúrgicas ou companhias de cimento no Brasil e no exterior.
Com o impacto da crise no coração de seu negócio —aço e minério de ferro—, o empresário passou de comprador a vendedor de empresas, posição nova para ele.
Pressionado pela queda na demanda por produtos siderúrgicos, pela redução no preço do minério de ferro e pelo aumento das dívidas por causa da alta dos juros, Steinbruch contratou um grupo de bancos para buscar potenciais interessados em parte de seus empreendimentos.
Colocou à venda o terminal de contêineres do porto de Itaguaí, pequenas hidrelétricas, a participação na ferrovia MRS e a fatia de 17,4% que a CSN possui na rival Usiminas —avaliada em R$ 1,2 bilhão pela cotação desta segunda-feira (21).
Além das dívidas, o empresário tem outras tarefas pelas frente. Tem três meses para colocar de pé até o fim do ano a Mineração Congonhas, uma parceria da CSN com um grupo de empresas da Ásia.
Cinco anos atrás, essas empresas investiram cerca de US$ 3 bilhões na parceria com Steinbruch. Se a Congonhas não ficar pronta até dezembro, os asiáticos desistirão do negócio e vão pedir o dinheiro de volta.
Fonte: Folha de São Paulo/RENATA AGOSTINI/DAVID FRIEDLANDER DE SÃO PAULO
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